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Facebook bate o Orkut na Índia, que era, com o Brasil, reduto da rede social do Google

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Por Redação Link
Atualização:

Segundo trailer do filme A Rede Social, sobre o Facebook, que estreará este ano

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Sergey Brin, um dos fundadores do Google, discorda quando dizem que a empresa não conseguiu emplacar uma rede social. Ele insiste que o Google tem tido muitos sucessos, especialmente com o Orkut, serviço dominante no Brasil e na Índia. Mas Sergey logo terá de rever essa frase.

O Facebook vem crescendo vertiginosamente – passou de 200 milhões para quase 500 milhões de usuários em 15 meses – e agora bateu o Orkut na Índia, onde, há um ano, a rede social do Google era duas vezes maior do que a de Mark Zuckerberg. No Brasil, em 2009, o Facebook chegou a oito milhões de usuários. O Orkut tem 28 milhões.

País após país, o Facebook vem massacrando concorrentes. Nos EUA, bateu o MySpace. Na Grã-Bretanha, matou o popular Bebo. Na Alemanha, ultrapassou o StudiVZ, que até fevereiro era a maior rede social do país. Zuckerberg disse que é “praticamente garantido” que a companhia chegará a um bilhão de usuários. Embora não tenha dito quando a marca será atingida, a previsão não foi recebida com tanto ceticismo. “Eles têm sido mais inovadores do que qualquer outra rede social e seguem crescendo”, diz Jeremiah Owyang, analista da Altimeter Group. “Eles querem ser onipresente e tem dado certo.”

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A rápida ascensão inquieta o Google, que vê no Facebook uma ameaça em diversas frentes. Grande parte da atividade no Facebook é invisível para o buscador do Google, que vai perdendo utilidade. Além disso, os bilhões de links postados pelos usuários no Facebook fazem do site um importante condutor do trânsito na internet, o que era, até então, trabalho do Google.

O Google continua tentando. Depois do Orkut, criou o Buzz. Mas não desfalcou o Facebook. Agora quer tentar de novo, com o projeto secreto Google Me, sobre o qual não se pronuncia.

O fato é que a receita do Google vem da publicidade. E, até nisso, o Facebook é um desafio. “Não há nada mais ameaçador para o Google do que uma companhia com 500 milhões de assinantes e que sabe muito sobre cada um deles. A publicidade ali é direcionada em função desse conhecimento”, diz Todd Dagres, sócio da empresa de capital de risco Spark Capital, que investiu no Twitter e em outros serviços de redes sociais. “Cada segundo que as pessoas passam no Facebook e cada anúncio que veem lá é um segundo a menos no Google e um anúncio a menos que o Google exibe.”

O mundo. Nos EUA, quase dois terços dos usuários na internet está no Facebook. Agora a rede social mira a expansão internacional. Há apenas dois anos, o Facebook estava disponível só em inglês. A expansão internacional ficou a cargo de Javier Olivan, espanhol de 33 anos que trabalha lá desde 2007, quando eram só 30 milhões de usuários.

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Para traduzir o site para mais de 80 línguas, Javier conduziu um trabalho inovador de mobilização dos próprios usuários. Com 300 mil palavras no Facebook – sem contar o material postado pelos usuários – a tarefa foi enorme. A companhia não só estimulou seus usuários a traduzir partes do site, mas a deixar outros usuários aprimorarem as traduções e escolherem entre várias delas. Quase 300 mil assinantes participaram da empreitada.

O esforço compensou. Hoje cerca de 70% dos usuários do Facebook estão fora dos EUA. E no ano passado, enquanto o número de usuários dobrou nos Estados Unidos, chegando a 123 milhões, de acordo com a comScore, o número mais do que triplicou no México, para 11 milhões, e mais do que quadruplicou na Alemanha, para 19 milhões.

Quando começa a crescer em uma nova região, a sua propagação quase sempre espelha os laços entre países ou o movimento das pessoas através das fronteiras. Depois de crescer na Itália, o serviço se espalhou para a Suíça italiana. Mas a Suíça alemã demorou a adotar a rede. No Brasil, o crescimento começou no Sul, mais perto da Argentina, onde o Facebook já era popular.

Mas o site não é popular em todos os lugares: foi bloqueado na China e tem pouco mais de um milhão de usuários no Japão, outro milhão na Coreia do Sul e mais um na Rússia, bem atrás das redes domésticas. Agora Olivan quer mudar isso. Recentemente enviou alguns dos seus melhores engenheiros para um escritório em Tóquio. Na Coreia do Sul e no Japão, onde os usuários se conectam mais via celular do que PC, a companhia está trabalhando com operadoras de telefonia locais.

Com o Facebook na liderança, não está claro se o Google ou qualquer outra companhia conseguirá impedir o seu avanço. Para Danny Sullivan, editor do blog Search Engine Land, “como no beisebol, Google não consegue chegar à primeira base, que é as pessoas interagindo, muito menos na segunda ou na terceira, que significa pessoas interagindo por meio de aplicativos”. /MIGUEL HELFT, DO THE NEW YORK TIMES

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