Se a situação do mercado mundial de tecnologia da informação já estava ruim antes de 11 de setembro - data dos atentados terroristas aos Estados Unidos -, só tende a piorar depois do ocorrido. "Este é o pior ano para a indústria de tecnologia da informação nos últimos 20 anos", acredita John Gantz, principal analista da consultoria IDC. Por causa dos atentados e seus desdobramentos, Gantz projeta um cenário não muito otimista para o segmento, que levará pelo menos dois anos para retornar aos patamares de crescimento antes previstos. Para a América do Norte, por exemplo, o analista previa até 11 de setembro que o mercado de tecnologia da informação cairia 6% em relação a 2000. Depois dos atentados, a estimativa foi revista para uma queda de 12%. Para a América Latina, o cenário não é muito diferente. A queda de 12% estimada para a região foi revista para 18%, com ligeira recuperação de 6% em 2002, contra uma previsão inicial de 12%. "A América Latina levará pelo menos dois anos para voltar a crescer em dois dígitos", disse Gantz, que participou hoje do Directions 2001 - ciclo de apresentações organizado pela IDC Brasil com foco nos serviços e tecnologias que constituirão as bases futuras dos negócios. PCs e servidores O mercado brasileiros de computadores pessoais (PCs) e servidores também será afetado pela crise internacional, agravada internamente pela alta do dólar e racionamento de energia. "As empresas vão adiar investimentos em máquinas para concentrar esforço na compra de soluções que proporcionem redução de custos", afirmou o gerente de pesquisa de tecnologia da informação da IDC Brasil, Mauro Peres. A consultoria reviu de 14% para 11% o crescimento do mercado brasileiro de PCs e servidores em 2001, que deve se manter em 3,4 milhões de unidades vendidas. "Em dólar, a queda é de apenas 5% por conta da desvalorização do real", destacou Peres. Para serviços, o analista manteve o crescimento de 14% para este ano, com expansão ligeiramente menor - de 11% - para 2002. Na avaliação de Peres, parte do consumo de computadores pessoais represado no primeiro semestre, por causa do dólar e da economia de energia elétrica, será desaguado no Natal. "Os PCs ainda são objeto de desejo do consumidor doméstico", disse. Para 2002, ele aposta no programa de instalação de computadores em escolas públicas, financiado pelo Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), para elevar as vendas da indústria. "Serão 290 mil PCs instalados em todo o Brasil". Telecomunicações Para o setor de telecomunicações, a IDC também projeta queda nos investimentos, impulsionada pela escassez internacional de recursos e pelo fato de a Telemar e a Telefônica já terem atingido as metas de atendimento previstas para 2003. O gerente de pesquisa de telecom da IDC Brasil, Gerd Souza, destacou que hoje aproximadamente 30% da receita das operadoras é investida em infra-estrutura. "Em três a quatro anos, esse porcetual deve cair para 15%", previu Souza. Ele lembrou que além do alto grau de endividamento registrado pelas operadoras brasileiras, existe uma dificuldade muito grande em se conseguir novas captações de recursos, seja nos mercados interno ou externo.