Impulsionando o cada vez mais movimentado mercado das “beauty-techs” (startups voltadas para o setor de beleza) no Brasil, a B4A (Beauty for all) anuncia nesta segunda-feira, 2, um aporte de US$ 6 milhões (cerca de R$ 30 milhões). A empresa alia a tecnologia da análise de dados e o trabalho de influenciadores digitais para conectar marcas do segmento e consumidores por todo o País.
O cheque acontece menos de dez meses depois de uma outra rodada de investimentos em que a startup conseguiu levantar R$ 10 milhões. O investimento atual foi liderado pela DXA, fundo de private equity brasileiro, e também teve participação da AcNext (responsável por liderar as rodadas anteriores).
Com o valor arrecadado agora, a empresa pretende sofisticar ainda mais a tecnologia por trás do B4A Connect, sistema que conecta os assinantes do serviço da startup, influenciadores digitais e as marcas. A meta é que, só na equipe de desenvolvedores, o número de funcionários dobre, saltando de 35 para até 70.
“O mercado de beleza no Brasil é enorme e com grande potencial para se explorar cada vez mais frentes e inovar nos produtos e serviços”, comenta Jan Riehle, alemão radicado no Brasil há mais de dez anos e CEO e fundador da B4A.
Segundo Riehle, a receita gerada pela empresa nos próximos meses tende a ser suficiente para arcar com os custos dos novos investimentos, sem necessidade de novos aportes. “Mesmo assim, já temos no horizonte uma nova rodada de investimentos para o início de 2023, mas a ideia é que esses financiamentos sejam utilizados para a compra de outras empresas do setor”, revela ao Estadão.
De 2020 para 2021, a B4A conseguiu dobrar sua receita, com faturamento anual de mais de R$ 75 milhões.
Planos de assinatura
Os consumidores dispostos a contar com os serviços da B4A têm a opção de pagar planos de assinatura mensais, cujos valores variam de acordo com os benefícios recebidos. É possível desembolsar entre R$ 67 e R$ 82 para, por exemplo, receber um kit de produtos montados de acordo com o perfil do cliente.
Atualmente, entre todas as modalidades, são pouco mais de 100 mil assinaturas ativas e a expectativa é dobrar esse número até o fim do ano, segundo a empresa,.
Além do sistema de assinaturas, também está incluído no “ecossistema digital” da B4A a possibilidade de compras online, diretamente nos empreendimentos que pertencem à empresa, o Men’s Market, voltado para a linha masculina, e a Glambox, para o público feminino. Para comprar por lá, não é preciso ter a assinatura mensal do serviço.
O papel dos influencers
Em outra ponta do ambiente digital da B4A estão os influenciadores, que a empresa considera fundamentais para a estratégia do negócio e a conexão com o público. “Influenciadores digitais e redes sociais já são os principais canais de divulgação para a maioria dos varejistas online”, comenta Riehle.
Na startup, além do trabalho com influencers “grandes”, a empresa dedica especial esforço para o que considera os micro e nanoinfluenciadores, que muitas vezes são consumidoras da própria empresa. A B4A paga uma espécie de comissão a essas influenciadoras menores, mas que também conseguem originar vendas.
Dados e inteligência para as marcas
Por trás de todos os ramos de atuação da startup, a análise de dados e as técnicas de machine learning estão presentes para oferecer uma experiência personalizada aos usuários.“Ao se cadastrar no serviço, o usuário indica suas características e preferências, como tipo de cabelo, atributos físicos e marcas preferidas. A cada compra, a plataforma também vai melhorando sua análise de dados para recomendar produtos de acordo com o perfil do cliente”, explica o CEO da B4A.
Do outro lado do negócio, as marcas parceiras também se beneficiam do ambiente digital e da coleta de dados disponibilizados pela plataforma. Segundo a empresa, as marcas podem acionar a expertise da B4A para o envio segmentado de produtos para experimentação com consumidores qualificados, a produção e divulgação de conteúdo especializado em canais de comunicação, além da coleta e análise de dados para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e o planejamento de estratégias.
Apelo emocional
No Brasil há mais de dez anos, Jan Riehle destaca que, além do enorme potencial do Brasil para “gastar” com o setor (a revista Forbes já considerou o País o 4.º maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo), há um certo “apelo emocional” quando o assunto são os produtos desse segmento.
“Há uma conexão emocional forte no Brasil, principalmente no público feminino, que nos permite engajar as mulheres na relação com os produtos. É possível criar um vínculo entre uma marca e consumidor, trazendo benefício para os dois lados”, comenta.