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Startups brasileiras entram na onda global e adotam o ChatGPT

Companhias de chatbots veem transformação no mercado e estão unindo seus serviços à ferramenta da OpenAI

Foto do author Bruna Arimathea
Por Bruna Arimathea
Atualização:

O ChatGPT, o chatbot que usa inteligência artificial (IA) para gerar textos “espertos”, se tornou o principal assunto da tecnologia nas últimas semanas. Para startups brasileiras, porém, isso vai além de uma mania de internet: a ferramenta se tornou uma via para melhorar seus produtos e turbinar os negócios.

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Lançado pela startup americana OpenAI, o ChatGPT tem um funcionamento familiar para muita gente, pois lembra os chatbots de operadoras de celular. A diferença está no “cérebro” da máquina: a ferramenta usa uma IA com 175 bilhões de parâmetros (representações matemáticas de estilos e padrões de escrita), o que faz dela o chatbot mais poderoso do mundo.

Assim, era inevitável que as startups brasileiras que atuam com chatbots fossem as primeiras a se interessar pelo sistema - a OpenAI disponibiliza ferramentas que permitem que empresas conectem seus serviços ao ChatGPT. Para a Take Blip, startup mineira que desenvolve chatbots de empresas voltados para aplicativos de mensagem, acoplar seus produtos aos da OpenAI foi um caminho natural.

“Muitas vezes, os clientes querem soluções relacionadas, por exemplo, a ser mais efetivo em perguntas e respostas. O que fazemos é criar uma base de conhecimento de marca, produtos e contexto desses negócios, para alimentar o ChatGPT e trazer respostas mais precisas”, afirma William Colen, diretor de IA da startup.

É um caso parecido com o da gaúcha Zenvia. A companhia, que comercializa suas ações na Nasdaq desde 2021, atua com produtos de comunicação para empresas, como bots, SMS, atendimento via WhatsApp e software de webchat. Na empresa, além da automação das conversas, sistemas que produzem conteúdo (conhecidos como inteligência artificial gerativa) são usados para a criação de material publicitário incluído em mensagens disparadas em massa.

“A grande beleza da IA não é só fazer o entendimento, mas fazer a geração de conteúdo com um grau de hiper contextualização. Isso não significa que vamos eliminar a criatividade humana, mas podemos acrescentar muito”, afirma Roberto Aran, diretor de portfólio da Zenvia.

William Colen, diretor de IA da Take Blip, diz que adotar ChatGPT foi caminho natural  Foto: Marcelo Chello / Estadão

Mudança

As empresas são unânimes ao classificar o ChatGPT como uma ferramenta que vai transformar o mercado. Antes dela, o contato com IAs gerativas (das quais o ChatGPT faz parte) era acessível apenas para programadores e especialistas. A “engenhoca” da OpenAI veio para quebrar esse paradigma e colocar na mão de pessoas comuns um poderoso recurso.

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Com a possibilidade de integrar funcionalidades de chatbot, pesquisa e geração de conteúdo, as startups acreditam que não é mais possível se desfazer da ferramenta - deixá-la de lado significa ficar para trás dos concorrentes.

A Take Blip, por exemplo, começou a usar a IA no ano passado para gerar mensagens de Natal. Agora, novos produtos estão sendo desenvolvidos no próprio time de tecnologia da empresa, para ampliar as possibilidades de trabalho - a startup, inclusive, modificou o planejamento de 2023 para se adaptar ao momento do ChatGPT.

O ChatGPT é um ‘tapa na cara’ que materializa tudo o que, até hoje, a gente tinha somente em laboratório. As oportunidades para adoção imediata, para fazer a curva de crescimento dessa IA, estão ao nosso alcance

Julio Zaguini, CEO da Botmaker

“Tivemos sorte, porque usamos ferramentas do tipo há mais tempo e o cenário foi acelerado”, explica Colen. “Alteramos o nosso roadmap para focar mais em tecnologias generativas, como o ChatGPT, para atender as demandas que estamos tendo hoje”.

Na StartSe, plataforma de cursos online, o ChatGPT é responsável por gerar textos voltados para a área de negócios. Por meio de um app gratuito, o usuário pode utilizar a tecnologia da OpenAI para desenvolver textos de copywriting, descrições de vagas de emprego, listas de tendências e planos de marketing - de acordo com a startup, uma das vantagens é não entrar na fila extensa do site oficial.

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Com tantas possibilidades, os especialistas acreditam que uma grande onda de startups envolvidas com IA gerativa se aproxima. Segundo Caio Simi, diretor executivo da Orbit, empresa de análise de dados, não deve demorar para que grande parte das empresas adotem o ChatGPT, tornando a ferramenta tão popular a ponto de ela não ser mais um diferencial no modelo de negócios. Com isso, quem souber tirar proveito do recurso agora deve sair na frente.

“O limite das possibilidades é o limite da criatividade da empresa. Isso será constantemente desafiado”, aponta Simi.

Para Ricardo Santana, sócio da consultoria KPMG, o uso da ferramenta é atrativo e, com a concorrência, é necessário mais do que ter o recurso na empresa. “Saber fazer as perguntas certas para ter uma resposta bem calibrada e assertiva é essencial. Isso de fato é revolucionário quando a gente compara as tecnologias existentes”, explica.

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Zenvia também adotou o ChatGPT em seus serviços  Foto: Rogério Cavalcanti/Divulgação

Futuro

Embora OpenAI lidere a corrida no momento, futuramente cada startup deverá ser capaz de criar seu próprio “ChatGPT”, adaptando ele para serviços específicos. É o que acredita a Botmaker, que oferece serviços de bots de vendas, suporte e atendimento ao cliente e que utiliza ChatGPT como suporte de informações para atendentes. Julio Zaguini, CEO da startup, diz que, depois da fase de conhecer a tecnologia, os times das startups serão capazes de desenvolver soluções semelhantes.

“O ChatGPT é um ‘tapa na cara’ que materializa tudo o que, até hoje, a gente tinha somente em laboratório”, explica Zaguini. “As oportunidades para adoção imediata, para fazer a curva de crescimento dessa IA, estão ao nosso alcance”.

Jan Krutzinna, fundador da ChatClass, startup de ensino automatizado de inglês via WhatsApp (e que agora utiliza o ChatGPT em seus chatbots de ensino), diz: “O ChatGPT educou o mercado. Antes, a IA era complexa e difícil de entender. Agora, qualquer um pode brincar com a tecnologia, isso eleva o jogo e faz as empresas pensarem no seu diferencial”.

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