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As redes sociais ajudam a sua empresa a vender? Leia análise

A internet pode ser um agente fundamental para o marketing

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Por Mauricio Benvenutti
2 min de leitura

Um vídeo de 23 segundos de um rapaz andando de skate, bebendo suco e escutando o hit “Dreams” de Fleetwood Mac fez não somente com que essa música de 1977 fosse parar no 1º lugar do iTunes, mas também com que as vendas dos sucos da Ocean Spray disparassem nos EUA a ponto do produto esgotar nas prateleiras dos supermercados americanos.

Em 2020, a caminhonete do desconhecido Nathan Apodaca quebrou num posto de gasolina enquanto ia para o trabalho… E como não dava para concertá-la a tempo de chegar no início do seu turno, ele decidiu continuar o trajeto com o seu skate. Foi aí que Nathan gravou o vídeo e postou no TikTok.

Sob o ponto de vista de marketing, você não pode planejar que algo vai se tornar viral, mas você pode planejar como será a sua resposta. Assim que o vídeo começou a viralizar, a Ocean Spray – uma cooperativa fundada em 1930 que fatura US$ 2 bilhões por ano com sucos e outros produtos – pensou em criar um comercial e oferecer um contrato a Nathan. Porém, logo concluíram que isso soaria como mais uma grande corporação se aproveitando da simplicidade de um cidadão comum.

Então, em vez de tentarem se apropriar do momento, eles decidiram apenas fazer parte do momento. Primeiro, deram de presente uma nova caminhonete a Nathan, uma semana depois do vídeo ser postado. Depois, lançaram o desafio #dreamschallenge, incentivando as pessoas a criarem as suas próprias versões para a cena de Nathan tomando o suco e escutando o clássico dos anos 70.

Redes sociais podem ajudar no marketing Foto: Reuters

Foi um boom. Todos esses vídeos somaram mais de 225 milhões de visualizações no TikTok. Isso é quase o dobro da média de visualizações de um comercial do Super Bowl, que custa cerca de U$ 7 bilhões por 30 segundos. E somando as publicações em outras plataformas, reportagens, aparições em programas de televisão, jornais, revistas etc., tudo isso alcançou 15 bilhões de impressões de mídia, segundo Tom Hayes, CEO da empresa. Ou seja, uma ultra exposição à marca sem que ela gastasse quase nada.

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Nathan não era influenciador. Ele morava em um trailer sem água corrente e trabalhava em um armazém de batatas. Quando a Ocean Spray notou que seu vídeo estava captando a atenção das pessoas, um dos ativos mais difíceis de se conquistar nos dias de hoje, ela decidiu apenas potencializar o protagonismo de Nathan, sem querer chamar o momento de seu. O negócio foi impactado por fortes vendas e seus sucos, que até então tinham a reputação de serem os preferidos dos avós, caíram nas graças do público jovem.

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