Overwatch foi lançado na última semana pela Blizzard Entertainment para PS4, Xbox One e PC e já caiu nas graças dos jogadores. Inúmeros vídeos e reviews foram publicados exaltando o título, que é o assunto do momento entre usuários de todas as plataformas. Não é para menos - Overwatch reciclou o gênero de tiro utilizando personagens únicos, dando uma nova roupagem e trazendo mecânicas de outros tipos de games, dando origem a um jogo único e bastante divertido quando pensado como multiplayer.
O título toma emprestada uma das principais características de outros jogos da Blizzard - as classes de personagens. Cada um é único, tem habilidades próprias e oferece um determinado estilo de jogo. Foi uma aposta bastante certeira, conforme contou ao Modo Arcade o diretor da empresa para a América Latina, Steve Huot.
"Esse gênero (FPS), nunca fizemos nada como isso. Se fôssemos ao Kickstarter, ninguém nos daria dinheiro se disséssemos que queríamos desenvolver um FPS. Mas era algo que nunca havíamos feito, e por isso não havia limitações para o que podíamos criar. Então tomamos o gênero como base e fizemos um jogo que fazia sentido para nós. A Blizzard é especialista em personagens equilibrados e com habilidades diferentes o que é uma coisa muito difícil de se fazer", explicou o executivo.
Huot disse que a ideia era fazer um game de tiro com "a cara da Blizzard". Para isso, foi preciso olhar para os demais jogos da empresa, como as franquias Starcraft e Warcraft. Os games dessas séries são conhecidos pelo modo multiplayer e pela singularidade das classes e personagens, e foi exatamente isso o que a equipe quis transferir para Overwatch. "É um FPS, absolutamente, mas tem elementos de outros jogos, e foi exatamente o que quisemos fazer. As pessoas têm estilos de jogos diferentes e querem níveis de desafio diferentes, então queríamos desenvolver um jogo que oferecesse isso e que fosse extremamente divertido para jogar com outras pessoas", contou.
De fato, Overwatch destoa bastante dos jogos de tiro padrão. Os personagens têm armas e habilidades únicas, enquanto os demais games do gênero normalmente dão a opção de personalização do soldado, ou mesmo mostram pouca diferença entre um e outro. O tema é pós-apocalíptico, mas cartunesco. Enfim, de fato o jogo parece um MMO, um RPG ou um RTS na pele de um FPS. E o resultado é fantástico.
A experiência pode parecer meio caótica no início, como é com League of Legends e World of Warcraft, em que cada um tem uma função e, à primeira vista, pouco se sabe sobre o que é preciso fazer o que está efetivamente acontecendo (pelo menos foi como aconteceu comigo). Só depois de algumas partidas necessárias para se habituar às mecânicas do jogo, às habilidades dos personagens e aos mapas o negócio começa para valer, e é bastante recompensador.
O tal do "equilíbrio" mencionado por Huot é bastante aparente. Obviamente que muita coisa depende do jogador, mas cada personagem consegue muito bem bater de frente com os demais, mesmo que cada um pertença a um grupo diferente - Attack, Defense, Support e Tank. As classes são um exemplo de característica trazida dos demais games da empresa.
E assim como as outras franquias, Overwatch já nasce tendo em vista a cena competitiva que deve se formar em torno do game. Starcraft e Warcraft são "modalidades" de eSports já consolidadas e, dada a mentalidade da Blizzard em relação à cena profissional, a nova franquia deve seguir a mesma linha futuramente, embora a prioridade, agora, seja a de manter o game polido. "Achamos que Overwatch pode ter uma cena competitiva, pois a empresa se importa muito com isso e tudo o que faz é voltara aos eSports. Vimos como as pessoas jogaram no beta e aprendemos com isso, mas nossa preocupação agora é que as pessoas tenham um bom jogo para jogar", completou o executivo.
Enquanto não chega à cena competitiva, Overwatch permanece como uma das melhores opções para jogos multiplayer no ano e certamente disputará prêmios na categoria.
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