O formato muda a linguagem

Como os novos suportes digitais podem influenciar o conteúdo da literatura que é produzida

PUBLICIDADE

O filósofo canadense Marshall McLuhan dizia que “o meio é a mensagem”, referindo-se ao poder que o meio de comunicação tem de determinar o entendimento de um conteúdo. Se pudesse ser questionado sobre o futuro da literatura no mundo digital, ele com certeza apostaria na transformação da percepção da palavra escrita pelos leitores.

PUBLICIDADE

Com os livros digitais, escritores e editoras têm novas possibilidades em vista. Tudo que antes era restrito pelo papel e pela tinta agora é possível: interatividade, links com informações adicionais, trechos escritos substituídos por vídeos, infográficos e ate funções sociais (leia abaixo).

Autores e publicadores já perceberam o potencial que os e-books possuem, e estão explorando as novas linguagens que podem integrar lançamentos e reedições de clássicos.

Em 2009, a startup Vook foi pioneira nesse processo e lançou aplicativos para leitura em celulares e na internet. Mas, com a chegada do iPad, a integração de mídias fica muito mais fácil e começa a ser levada a sério.

Publicidade

Em parceria com a editora Nova Fronteira, a Singular Digital irá lançar uma versão eletrônica do livro 1808, de Laurentino Gomes, que narra a vinda da família real portuguesa para o Brasil. O e-book será lançado na Bienal do Livro, que começa no próximo dia 12, e conta com fotos, vídeos e recursos multimídia que fizeram parte da pesquisa do autor – como o quadro Coroação de Dom Pedro I (acima), de Debret. Newton Neto, diretor-executivo da Singular, crê que as editoras que estão entrando no mercado eletrônico precisam investir em novos formatos e sair do digital estático.

Mike Shatzkin, consultor especializado na cadeia produtiva do livro, diz que várias experimentações desse tipo serão feitas nos próximos anos e ganharão entusiastas. Um risco para a literatura tradicional? Não, apenas mais um jeito de contar histórias.

Mark Coker, da editora digital Smashwords, também acha que os romances estão a salvo. Para ele, os recursos multimídias fazem mais sentido em livros não ficcionais, que trazem informações que podem ser enriquecidas por vídeos e fotos. Mas, a literatura ficcional, diz ele, pede um momento introspectivo, de imersão, em que as imagens são criadas na cabeça do leitor, guiado apenas pelas palavras.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.