EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião | Um ano complicado e ao mesmo tempo promissor

PUBLICIDADE

No Vale do Silício, duas companhias despontaram: Facebook e Twitter. A primeira parece ter levado a idéia da rede social à perfeição. Uma interface limpa, amigável, crescimento controlado e uma penca de programinhas que trazem novas funcionalidades para os usuários. A segunda reuniu os conceitos de blogs, mensageiros instantâneos como o MSN e de SMS de celulares para produzir algo completamente novo. Curiosamente, Facebook e Twitter atendem a duas gerações distintas. Entre numa sala de aula na graduação em qualquer universidade nos EUA e pergunte sobre o Facebook. Faça o mesmo numa escola secundária. Todos os alunos tem uma conta; pergunte sobre o Twitter – muitos nem sabem do que se trata. Mas pergunte aos jovens profissionais na faixa dos 30, 40 – quem for antenado, usa o Twitter. Pode até ter uma conta no Facebook, mas o acha chato. Este foi também o ano em que a Microsoft teve de olhar incerta para seu próprio futuro. Na década de 80, a empresa de Bill Gates construiu as bases para o total controle do mercado de computadores. Na década de 90, foi profundamente temida pelo seu virtual monopólio do desenvolvimento tecnológico. Mas o mundo mudou. Após a aposentadoria de Gates, Steve Ballmer assumiu o comando e admite que a Microsoft dependerá, no futuro, de vender software online. Caixas com discos não serão mais compradas. O Google já partiu na frente, a Microsoft tem dificuldades de ir. Afinal, se começar a liberar seu Word ou Excell para uso na internet, deixará de vender caixas hoje e ficará sem dinheiro. É uma transição difícil que depende de propaganda. Para abocanhar 10% do mercado publicitário online e arranjar uma nova fonte de renda, tentou comprar o Yahoo, mas não conseguiu. E esta empresa consegue sair de 2008 em situação pior do que a Microsoft. Com uma receita online alta que só perde para o Google, teria tudo para ser uma companhia forte e imponente. Mas graças a uma gerência capenga, incerta, que perdeu completamente a vontade de inovar e mostrar-se grande, foi ficando miúda e miúda. Definha a olhos vistos. Não será por nenhuma destas histórias, no entanto, que 2008 será lembrado. Daqui a dez anos, talvez menos, todos nós – o motorista, o estudante, o executivo – carregaremos a internet nos bolsos. O mercado para este tipo de dispositivo foi lançado em 2007, com o iPhone. Mas 2008 viu aparecer a concorrência – e a Apple lançou o iPhone 3G. Em sua esteira, vieram o G1 do Google e o Blackberry Storm, as duas novas tentativas de inventar a internet móvel. Existirão mais e mais destes aparelhos e com alguma sorte, no conjunto os celulares online serão melhores do que os celulares que temos hoje, cada um com o design pior do que o outro, sempre dificílimos de usar para qualquer coisa que não discar um número. Assim como lá pelos idos de 1995, 96, celulares eram extremamente caros, também estes novos são extremamente caros. Nada que um ano após o outro, na tecnologia, não resolva. Agora vem a crise. Em tempo de crise, engenheiros perdem o emprego no mundo da alta tecnologia. Desempregados, ficam em casa. Deprimidos. Trancados em seus quartos, computadores à frente. Mal conseguem pagar o aluguel. Sem nada o que fazer, criam. As crises cíclicas da economia alimentam a inovação no Vale do Silício. 2009 será um bom ano. Feliz ano novo! pedro.doria@grupoestado.com.br

Opinião por undefined
Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.