Estudo da UE mostra que download ilegal de músicas não afeta consumo legal de conteúdo digital via streaming
SÃO PAULO – Estudo realizado pelo centro de pesquisas da União Europeia afirma que o consumo ilegal de música por download não afeta as vendas do mesmo conteúdo via streaming.
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“Há um consenso bastante claro acerca dos efeitos negativos da pirataria online sobre as vendas ‘offline’ de música gravada em formato físico. Menos atenção tem sido dada, no entanto, ao efeito do consumo de música online ilegal sobre as vendas online legais de música digital”, explica o estudo.
Os pesquisadores acompanharam o comportamento virtual de 16 mil usuários de internet, focando em suas visitas a sites legais e ilegais de consumo de música. Entre outras conclusões, o grupo afirma que “a vasta maioria das músicas consumidas ilegalmente não seriam legalmente compradas se sites de download ilegal não estivessem acessíveis a eles”.
Para eles, downloads ilegais “têm pequeno ou nenhum efeito sobre vendas digitais legais”. A indústria fonográfica “abraçou” o digital, avaliam. As receitas cresceram mais de 100% entre 2004 e 2010 e outros 8% em 2011, gerando uma movimentação de US$ 5,2 bilhões, segundo dados da IFPI (a Associação Internacional da Indústria Fonográfica), apresentados no artigo.
O grupo, no entanto, pondera que os resultados obtidos nessa pesquisa “não contradizem” pesquisas anteriores que “encontraram quantidades significativas” de mudanças nos padrões de vendas de música física legal pelo aumento de downloads digitais ilegais. Ressaltou a importância das receitas oriundas do mercado físico para a indústria fonográfica como um todo e disse que se a pirataria começar a afetar as vendas em excesso, isso afetaria negativamente toda a indústria.
Por fim, o documento conclui que apesar da impossibilidade de poderem determinar “implicações políticas” para a indústria a partir da pesquisa – por estarem focando apenas no digital –, é importante ressaltar a importância do digital nas receitas das gravadoras e considerar que “a música digital pirata não deve ser vista como uma preocupação crescente para donos de direitos autorais na era digital”, diz o grupo da UE. Pelo contrário: “Nossos resultados indicam que os novos canais de consumo de música digital como streaming online os afeta, positivamente.”
A IFPI emitiu um comunicado criticando os resultados da pesquisa:
“A IFPI acredita que o estudo é falho e enganoso. Os resultados se mostram desconectados da realidade comercial e são baseados em uma visão limitada do mercado, e são contrariados por um grande volume de pesquisas alternativas que confirmam o impacto negativo da pirataria no mundo da música legítimo.”
“Se um grande número de usuários que fazem download ilegal não compra nenhuma música (e ainda assim consome, em muitos casos, quantidades enormes dela), não é lógico pensar que o comportamento ilegal estimule as vendas legal e não inflijam nenhum mal”, rebatendo o que foi afirmado pela pesquisa.
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