Como me disse um motorista de táxi em Las Vegas, a Feira Internacional de Eletrônica de Consumo (CES, na sigla em inglês) realizada no começo deste mês parece estar numa bolha econômica própria. “O grande salão da indústria da moda esteve em baixa, de 80 mil visitantes para 40 mil”, ele disse. “Mas a CES parece que não recebeu o e-mail de que estamos numa crise econômica.”
E, de fato, esse espaço de exposição do tamanho de 37 campos de futebol americano esteve repleto de expositores e visitantes – e de muitas grandes ideias. Uma das melhores veio da Casio, cujos representantes fizeram demonstrações de 20 minutos de seu novo relógio de pulso G-Shock GB6900.
O conceito central é que ele se comunica com seu telefone, usando uma porção de recursos descolados. Como escrevi em minha coluna sobre a CES:
“Seu relógio pode vibrar quando você recebe uma ligação, texto ou e-mail ou mostrar o nome da pessoa, mesmo que seu telefone esteja em sua bolsa ou maleta. O G-Shock pode ajudá-lo a encontrar um telefone perdido no sofá fazendo-o tocar. Também pode bipar caso você esqueca o telefone, por exemplo, em um restaurante. Somente dois telefones obscuros funcionam com esse relógio até agora – mas quando mais telefones ficarem compatíveis, ele vai estourar.”
Esse arranjo faz muito sentido. Quantas vezes você já não se queixou de ter perdido uma chamada porque não sentiu a fraca vibração do celular no bolso? Agora você não conseguirá perdê-la; a vibração ocorre no seu pulso. (Você dá duas batidinhas na face do relógio para enviar a ligação para correio de voz.)
Sabe como os celulares se ajustam automaticamente quando você viaja de uma zona de tempo para outra, por cortesia da rede do celular? Bem, agora seu relógio pode se ajustar também, já que ele está conversando sem fio com seu telefone. Brilhante!
O mesmo se pode dizer do recurso da canção-título, que mostra o nome de qualquer canção que seu telefone esteja tocando no momento.
A Casio demonstrou também um aplicativo “I’ve fallen and I can’t get up” (eu caí e não consigo me levantar): se você cair no chão da cozinha, longe de um telefone, pode apertar um botão no G-Shock para fazer uma ligação para 911 (chamada de emergência) pelo celular, onde quer que ele esteja na casa.
Finalmente, eu amei o recurso de login/logout automático, um conceito de software em que seu PC desbloqueia sua conta quando você (usando o relógio) está perto, e a bloqueia quando você se afasta para um café ou uma reunião. Adeus, senha!
Achei todas essas ideias realmente engenhosas – mas fiquei chateado ao descobrir que ainda não se pode realmente comprar ou usar esse relógio. Ele emprega um novo chip de baixo consumo Bluetooth, chamado Bluetooth Smart (ou Bluetooth 4.0), que significará uma grande coisa para os amantes de engenhocas que atualmente associam o Bluetooth a um sorvedouro de energia. Mas o relógio só funciona se o seu telefone também tiver o Bluetooth 4.0 – e por enquanto só alguns dispõem dele.
Um deles é o iPhone 4S, mas não se entusiasmem. A Casio diz que embora o iPhone tenha o hardware Bluetooth correto, ele precisa de perfis de Bluetooth especiais (recursos de software) para acomodar o relógio. Esses perfis ainda não foram escritos.
Mas sabem de uma coisa? É isso que a CES representa para você. Ela não é um shopping center; é uma bola de cristal. Ela pretendia mostrar o que vem por aí, o que é possível, que caminhos as empresas estão trilhando – e o relógio superinteligente da Casio é um sinal encorajador.
/ Tradução de Celso Paciornik
* Publicado originalmente em 24/01/2012.