Telecom aposta que governo Lula terá foco no consumidor

O vice-presidente do Yankee Group para a América Latina, Dario Dal Piaz, acredita que o PT imprimirá reformas capazes de trazer investimentos e gerar empregos.

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Por Agencia Estado
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Combate à elevada carga tributária, estabelecimento de uma política industrial e fortalecimento do órgão regulador. Sobre estes temas estão debruçadas as expectativas das operadoras e prestadoras de serviço de telefonia para o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Para empresários e consultores ouvidos pela Agência Estado, a nova administração petista deve imprimir mudanças não radicais em relação ao atual modelo das telecomunicações, e enfrentará o desafio de inserir o componente social na lógica do mercado de telecom. O vice-presidente do Yankee Group para a América Latina, Dario Dal Piaz, acredita que o PT imprimirá reformas capazes de trazer investimentos e gerar empregos. "Acredito que a lógica do setor de telecom sairá do campo financeiro como tem sido até agora", afirma o executivo, que aposta que o consumidor ganhará mais importância nas futuras tomadas de decisão do novo governo. "Esperamos que o setor seja visto como uma alavanca para o desenvolvimento, capaz de gerar empregos e reflexos positivos sobre segmentos como comércio e indústria. Para tal, não podemos ser taxados como bebidas e cigarros", destaca o presidente da Tele Centro Oeste (TCO) Celular, Mario Cesar de Araújo, numa crítica à atual tributação incidente sobre os serviços de telecomunicações, que atinge, segundo ele, índices superiores a 60% em alguns Estados. O consultor da Brisa, Virgílio Freire, lembra que a reforma tributária será um desafio para o PT, considerando o posicionamento histórico do partido em defesa do social. "O valor da conta de serviços não está ao alcance das classes D e E. Uma forma de inserir essa camada da população no mercado seria a redução do ICMS", afirma Freire. Emprego Outro aspecto destacado pelo consultor é como o PT alavancará a geração de empregos no setor de telecomunicações, que perdeu 30% da mão-de-obra nos últimos dois anos. "Emprego sempre foi um ponto importante para o Partido dos Trabalhadores, de forma que o tema merece importância", acredita Freire. O presidente da Associação Brasileira das Telecomunicações (Telebrasil), Cleofas Uchôa, defende ajustes no atual modelo. "Não é mudar o modelo, mas promover ajustes, de forma a adequar as regras à demanda de mercado", diz. Ele cita como exemplo o fato de que é desinteressante do ponto de vista econômico atender às populações de regiões mais distantes com as atuais obrigações de qualidade impostas às operadoras. "Não dá para ter a mesma regra para a Avenida Paulista e para o interior da Amazônia", diz Uchôa. Anatel O setor também acredita que o PT imprimirá mudanças na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de forma a recuperar a autoridade e a credibilidade do órgão regulador. Para o vice-presidente do Yankee Group, o perfil do PT sinaliza a possibilidade de criar-se penalidades maiores para os descumprimentos de metas, ao mesmo tempo que a Anatel será cobrada por mais agilidade. "A Anatel é um paquiderme", diz Virgílio Freire, que destaca a necessidade de mudanças para devolver autoridade ao órgão e reduzir o número de ações judiciais contestando decisões da agência. "Acredito mais em mudanças com o PT do que com o Serra, pois o partido não está comprometido com o que já existe", afirma o consultor. Para o presidente da TCO, o futuro governo tem o desafio de criar uma política industrial nacional. "A privatização esqueceu a capacitação tecnológica nacional", avalia Araújo. Para Uchôa, da Telebrasil, é preciso incentivar a inovação tecnológica e estabelecer um programa de substituição seletiva das importações. "É uma forma de melhorar a balança comercial do setor e ampliar o mercado de trabalho", acredita o presidente da entidade.

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