Toronto; terra de grandes empresas; atrai novos negócios

Capital da província de Ontário conta com apoio de companhias como Cisco e Ubisoft, além de programas universitários

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TORONTO – Entre os novos prédios que despontaram no horizonte de Toronto nos últimos tempos está o da Cisco. A fabricante de equipamentos de rede aproveitou o pacote de incentivos do governo de Ontário para investir US$ 4 bilhões ao longo dos próximos dez anos em troca de US$ 220 milhões de contrapartida do governo. A empresa construiu um grande centro de inovação na cidade, um fundo para investir nas startups da região e é patrocinadora oficial dos jogos Pan-Americanos.

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Empresas como a Ubisoft, de games, e Google também investiram na expansão em Toronto, recentemente, levando a cidade a somar mais de 12 mil negócios na área de tecnologia.

O empreendedor Andrew D’Souza, criador da startup Bionym, que produz um bracelete que identifica o batimento cardíaco do usuário e usa o dado como uma senha para o acesso a diferentes serviços, trocou o trabalho em grandes empresas do Vale do Silício, como o Facebook, por Toronto, atraído pelo mesmo fator que grandes empresas: menor custo de vida e mão de obra qualificada. “Esses incentivos reduzem o custo de contratação de engenheiros a metade em comparação com o Vale do Silício”, diz.

Seis em cada dez empresas de grande porte do mercado de tecnologia possuem operações na cidade. Porém, para as startups mais jovens, a falta de maturidade do mercado de capital de risco é um problema. “Tem muito dinheiro para a rodada inicial (seed), mas falta capital para financiar as empresas em fases posteriores. E a negociaçãopara vender nos EUA nem sempre é fácil. O caminho fica mais livre para quem tem um investidor americano”, diz Latif Nanji, cofundador da startup Roadmunk, que vende um software para facilitar a criação de mapas de planejamento estratégico em empresas.

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As universidades locais tentam corrigir esses problemas incentivando o empreendedorismo entre os alunos e divulgando essas startups no mercado. A Universidade Ryerson, de Toronto, por exemplo, criou em 2009 a incubadora Digital Media Zone (DMZ), que já acelerou 154 startups com uma taxa de sucesso de 73%, com o objetivo de se posicionar como um catalisador da inovação na cidade.

A Universidade de Toronto tenta ajudar na profissionalização dos seus alunos por meio do Impact Center, que oferece cursos de empreendedorismo e ajuda estudantes a transformar suas pesquisas em produtos viáveis. “Os melhores universitários vão para onde encontram bons trabalhos, por isso criamos um trabalho para tornar a província de Ontário um lugar desejável”, diz Vasu Daggupaty, líder e conselheiro de políticas públicas no Ministério do Desenvolvimento Econômico, Emprego e Infraestrutura da província de Ontário.

Das 70 startups criadas pelas iniciativa desde 2010, 41 continuam ativas. Uma delas, é a NanoLeaf, startup que desenvolveu uma lâmpada super econômica que dura até 27 anos e permite o ajuste de diferentes intensidades de luz mesmo que o usuário não possua um dimmer. O produto foi financiado por crowdfunding no site Kickstarter e arrecadou treze vezes mais do que o valor solicitado. Recentemente, recebeu sua primeira rodada de investimento no mercado de venture capital, em um valor “entre US$ 3 milhões e US$ 10 milhões”, diz Christian Yan, um dos cofundadores.

Startups como essa podem participar ainda do MaRS Discovery District, um hub de inovação associado à universidade que oferece os serviços de uma incubadora e aceleradora. Em Toronto, porém, o projeto é controverso e tem a geração de resultados questionada pela imprensa.

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* A repórter viajou a convite do governo canadense

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