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A médica e o monstro

Criador de House fala sobre o 7º ano da série que começa dia 28 com as consequências de um beijo

Por Etienne Jacintho
Atualização:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No último episódio da 6.ª temporada de House, que já está disponível em DVD (Universal Pictures, R$ 129,90), o médico ogro, porém charmoso, beijou a dra. Cuddy. E, desta vez, não pareceu ser uma nova alucinação causada por Vicodin. O romance que os fãs da série há tempos esperavam tem seu desenvolvimento logo no episódio intitulado What Now? (E Agora?), que abre a 7.ª temporada e vai ao ar no Universal Channel nesta quinta-feira, às 22 horas.

 

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Em conversa por telefone com o Estado, o criador da série, David Shore, conta as novidades do 7.º ano e do relacionamento entre House (Hugh Laurie) e Cuddy (Lisa Edelstein). "Precisamos mostrar como isso afeta o trabalho e o universo em que eles vivem", diz Shore. Ele confirma ainda que haverá bons e divertidos momentos entre House e a pequena Rachel, a filha de Cuddy.

 

Shore não teme que o público perca o interesse na série com a consumação do romance. Afinal, House não deixará de ser House para virar um Don Juan. "Será apenas House com uma namorada", afirma o criador, que também fala sobre o que a temporada reserva para os demais personagens como Thirteen (Olivia Wilde), que pediu um afastamento para poder atuar em um filme, e Wilson (Robert Sean Leonard), que, assim como seu melhor amigo, está namorando nesta temporada.

 

Shore explica ainda como é a equipe que auxilia nas pesquisas médicas e faz uma previsão de quanto tempo House ainda pode ficar no ar. Que seja uma vida longa!

 

 

O primeiro episódio da temporada tem o título da minha primeira pergunta: ‘E agora?’ O que vai acontecer com o casal House e Cuddy?

 

Isso é o que a temporada vai mostrar. Vamos explorar essa relação e estamos nos divertindo com isso. O primeiro episódio é o ponto de partida, óbvio, então temos menos mistério médico e mais House e Cuddy. Tínhamos de fazer isso, pois não podíamos jogar o romance, sem explorar o início de tudo. Os próximos episódios, porém, são mais tradicionais. Mas claro, com House e Cuddy juntos, precisamos mostrar como isso afeta o trabalho e o universo em que eles vivem. Como um relacionamento pode ferrar as coisas? Como ele pode construir coisas? Nada vai mudar muito. É House com uma namorada e Cuddy com um namorado. Não é House se transformando num cara que pode estar num relacionamento. Mas pode ser que ele consiga. É uma questão a ser explorada.

 

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Vamos ver uma interação entre House e Rachel, a filha de Cuddy?

 

Sim! Será divertido.

 

 

A Thirteen (Olivia Wilde) vai voltar durante a temporada?

 

Ela vai voltar, mas não estará presente por um tempo. Não quero ser mais específico do que isso... Ela teve a oportunidade de fazer um grande filme, nos avisou e tivemos de mudar o roteiro para algo que não posso te contar...

 

 

Como é ter de lidar com essas saídas repentinas? Houve o caso da Jennifer Morrison, do Kal Penn...

 

É estranho. Kal Penn conseguiu emprego na Casa Branca (é assessor de Barack Obama) e teve de ir. Contanto que eles nos avisem a tempo, fazemos o máximo para ajeitar as coisas. Às vezes, porém, não conseguimos - ou porque havíamos planejado outra coisa ou porque não tivemos tempo suficiente para mudar o roteiro. Não quero que simplesmente os personagens desapareçam. Quero dar uma solução criativa para o problema e acho que fizemos bem no caso de Olivia (Wilde).

 

 

Na 4ª temporada, quando foram introduzidos novos personagens, era sua ideia renovar a equipe de House ou você já havia decidido que Foreman, Chase e Cameron voltariam a trabalhar com o médico?

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A ideia veio por questões criativas. Fizemos três anos com a mesma equipe e parecia improvável que essas pessoas topariam trabalhar com House por tanto tempo. Pensei que seria excitante trazer novas vítimas para House (risos). E todas essas coisas conspiraram para a minha decisão. Quis agitar as coisas, antes que a audiência ficasse cansada.

 

 

Quão difícil é conseguir pensar em histórias novas a cada temporada?

 

É delicado, complicado, mas é meu trabalho! Tenho outras pessoas na equipe para me ajudar a fazer esse trabalho, mas estou feliz com os rumos que as coisas tomaram. Se me perguntassem na 1.ª temporada como a série seria na 7.ª temporada, não teria ideia do que responder. Acho que a série está surpreendentemente fresca e isso me deixa feliz. (Continua na pág. 6)

 

 

Broken, episódio que abre o 6º ano, é um dos melhores episódios de House. Não deu medo de internar House e dar um nó na história?

 

Um dos aspectos maravilhosos desta série é poder fazer esses episódios de partida de temporada que quebram a rotina. Não podemos fazer isso o tempo todo, mas a audiência confia no nosso trabalho e ficamos felizes em sair da rotina, ir por um caminho diferente. Broken foi o mais significativo desses episódios: teve duas horas e foi feito completamente fora do hospital. Nos arriscamos e temos nos dado bem.

 

 

Voltando à 7ª temporada, como vai ficar Wilson, agora que House está namorando?

 

Wilson também está namorando. Está com a Sam (Cynthia Watros, ex-Lost). Então, os dois caras que passaram quase a série toda sozinhos estão em relacionamentos. Quando o namoro de House estiver ótimo, o de Wilson estará em baixa e vice-versa.

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Há convidados especiais nesta temporada?

 

Sim, Candice Bergen (ex-Boston Legal) vai interpretar a mãe de Cuddy. E há mais uma lista enorme que não sei de cabeça...

 

 

Você conta com uma equipe para descobrir casos médicos e abastecer os episódios?

 

Temos uma equipe grande. Uma de nossas roteiristas é médica e há pesquisadores, além de três médicos que são consultores e estão sempre à disposição dos roteiristas. Além disso, eles revisam cada roteiro que finalizamos. É importante ser o mais realista possível.

 

 

E qual é o retorno que vocês têm de médicos reais?

 

O feedback tem sido muito positivo. Não ouço muita gente comentando que conhece médicos que odeiam a série (risos). Ficaria surpreso se houvesse muitos assim ou se não houvesse nenhum. Trabalhamos muito duro para tornar a série realista. Esses são casos bizarros, pois, por definição da série, esses pacientes já teriam contatado 18 especialistas antes de chegar a House. Mas eles são casos reais e possíveis.

 

 

Conversei com médicos para uma reportagem sobre House e a maioria disse que tentava descobrir as doenças antes de House. E, para eles, alguns mistérios eram fáceis de solucionar, já que muitas doenças são comuns em climas tropicais...

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Talvez aí no Brasil existam médicos melhores do que aqui nos Estados Unidos (risos)!

 

 

Na sua opinião, por que House faz tanto sucesso?

 

O público se interessou pelo personagem estranho que criamos, mas nunca imaginei que House se tornaria uma série aclamada no mundo todo. É maravilhoso que tenha esse aspecto universal. Estou dando entrevista para alguém no Brasil e isso é muito bacana. Acho que a série tem muitos pontos a favor: é engraçada, tem drama e, o mais legal é o personagem principal. Ele é um cara que faz o que ele acha que é certo. Ele faz isso não por razões egoístas, mas porque acha que é o certo e não se importa com o que os outros pensam.

 

 

Quando você escolheu Hugh Laurie para o papel, você imaginava que as pessoas iriam gostar tanto dele?

 

Não imaginava que as pessoas adorariam House, mas sabia que Hugh Laurie era o cara certo para o papel. Quem viu o teste dele sabia que ele era o cara. Foi um teste memorável.

 

 

Quanto tempo você acha que House pode sobreviver?

 

Esta é uma pergunta muito aberta... Diria que House pode sobreviver pelo tempo que Hugh Laurie topar interpretá-lo (risos)!

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Você tem um episódio favorito ou pode fazer um ranking dos que você mais gosta?

 

O piloto tem um gosto especial. Three Stories (episódio 21 do 1.º ano) acho que é o meu favorito, pois foi a primeira vez em que quebramos o roteiro tradicional da série. Mas gosto de todos os capítulos. Gosto de assistir a todos.

 

 

Você escreve os roteiros ou só supervisiona?

 

Supervisiono e dou um direcionamento do que vai acontecer. O que acontece é que reescrevo muitas páginas.

 

 

E as famosas frases de House, como ‘todo mundo mente’ e ‘sou fisicamente incapaz de ser educado’, são criadas por você?

 

Sim. Eu meio que penso assim como ele (risos)...

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