PUBLICIDADE

Acidente do Metrô era imprevisível, sustenta Via Amarela

Por CAROLINA FREITAS
Atualização:

O consórcio Via Amarela, responsável pelas obras da Estação Pinheiros do Metrô de São Paulo que desabaram em janeiro do ano passado - e deixou sete mortos -, divulgou relatório hoje sustentando que as causas do acidente eram imprevisíveis. O documento de mais de 800 páginas contesta onze afirmações consideradas "inconsistentes" do laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), encaminhado no mês passado ao Ministério Público (MP), que acompanha o caso. Os especialistas contratados pelo consórcio, composto pelas construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, atribuem o acidente a fatores geológicos "peculiares e inusitados", "somados à imprevisibilidade". Segundo o relatório, "o colapso repentino das estruturas reforça o caráter abrupto e imprevisível da ocorrência". Eles afirmam que o projeto da estação foi seguido e que alterações na forma de construir o túnel foram insignificantes. No relatório, os técnicos negam que a colocação de 340 tirantes na véspera do acidente tenha sido feita por emergência ou contribuído para o desabamento. "Caso se verificasse emergência, as medidas claramente seriam outras", informam. Segundo eles, as perfurações para colocação dos tirantes têm 4,4 centímetros e não poderiam afetar as condições de suporte da obra. O relatório descarta ainda falhas no plano de segurança da obra ou descuido nas detonações feitas no dia do acidente. De acordo com o consórcio, a situação foi monitorada duas vezes no dia. De manhã não houve registro de "anomalias graves". Já a segunda medição aconteceu pouco antes do acidente, mas seus resultados só foram conhecidos depois do desabamento, e, portanto, não poderiam ser usados como alerta, como sugeriu o IPT. Eles contestam ainda a afirmação do IPT de que uma coluna de água acima do revestimento do túnel contribuiu para o acidente. Para o IPT a água precisaria ser drenada, mas, para o consórcio, a água exercia uma pressão "desprezível" sobre o túnel. Solo Para os técnicos, a presença de rochas duras sobre o centro do túnel e de rochas mais frágeis sobre as laterais prejudicou o processo de arqueamento do túnel, o que teria colaborado para o acidente. Segundo o relatório, em "condições normais", o túnel poderia sustentar a camada de solo acima dele. A presença de dois minerais, a biotita, de fácil fragmentação, e a metabásica, frágil e mole, também teria contribuído para o desabamento. A existência desses materiais e a falta de arqueamento do maciço não constavam em nenhum estudo geológico. Segundo os técnicos, o consórcio fez 20 sondagens do terreno, mas não identificou os "fatores geológicos imprevisíveis".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.