Acuado, setor madeireiro fala em ''novo modelo''

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Por Andrea Vialli
Atualização:

Inicialmente vista com desconfiança, a licitação da Flona de Amana se transformou em uma espécie de tábua de salvação para o setor madeireiro de Itaituba (PA). Nos últimos dois anos, as ações de combate ao desmatamento ilegal se intensificaram, o que fechou as portas de 90% das madeireiras da cidade."Só ficou no setor madeireiro quem procurou regularizar sua situação", diz Osvaldo Romanholi, diretor do Sindicato da Indústria Madeireira do Sudoeste do Pará (Simaspa). A entidade representa os madeireiros da região da BR-163 (Cuiabá-Santarém), que reúne 10 municípios e já chegou a ter 250 empresas associadas - atualmente 75% delas foram "abatidas" - fechadas, no jargão local. "Mas ainda há ilegalidade no meio, o que prejudica quem atua dentro da lei", diz, fazendo menção à venda de notas "esquentadas", prática ainda recorrente na região. Romanholi, um sul-mato-grossense que vive no Pará há 11 anos, diz que o principal problema na região é a escassez de madeira de origem legal. As áreas privadas onde atualmente é feito o manejo dentro da lei não suprem toda a demanda por matéria-prima, diz ele. "A concessão é a saída, mas não é uma solução de curto prazo, pois os órgãos ambientais são muito morosos", critica. Ele também tem receio de que o processo de concessão acabe priorizando grandes multinacionais, o que prejudicaria as pequenas serrarias, maioria na região.Má reputação. Segundo Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o edital para licitação da floresta possui um sistema de pontuação que dá prioridade para as empresas instaladas na região e que comprovem boas práticas ambientais. Ainda falta, no entanto, crédito para que os pequenos e médios empresários invistam no manejo florestal."O setor madeireiro ficou com má reputação. Há dinheiro sobrando no Banco da Amazônia e no BNDES, mas eles não têm um modelo de crédito para manejo florestal. Isso precisa ser discutido."

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