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Adolescente com nanismo fala das dificuldades e prazeres da vida independente

Com 1,21m, britânica sofreu perseguições na escola e teve de ser educada em casa; hoje, na universidade, se diz realizada.

Por Susie Christodoulou
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Uma adolescente britânica que sofre de nanismo contou à BBC como é viver em um mundo adaptado a pessoas muito mais altas do que ela. Jasmine Burkitt, conhecida como Jazz, tem apenas um metro e 21 centímetros de altura e decidiu deixar a segurança da casa onde cresceu para cursar faculdade. O nanismo é um distúrbio - na maioria dos casos de ordem genética - que resulta em indivíduos com estatura muito abaixo da média populacional. Jazz, que herdou a condição de sua mãe, sofria perseguições na escola por causa do seu tamanho. "Tive de sair da escola quando tinha 13 anos", ela conta. "Um menino me pegou e simplesmente me jogou no chão. Caí de mau jeito e danifiquei seriamente os joelhos". Depois desse episódio, a mão de Jazz decidiu educá-la em casa. A adolescente disse que a experiência permitiu que ela aprendesse a cozinhar, limpar e a lidar com seu problema. Vida Independente No ano passado, Jazz decidiu seguir sua paixão por animais e saiu de casa para fazer um curso sobre o bem-estar dos animais no Llysfasi College, em Ruthin, no condado de Denbighshire, na Inglaterra. "Me preocupava, achando que a faculdade seria como a escola, onde me perseguiam", disse. "Mas aqui não sou diferente, sou apenas Jazz", disse. Na faculdade, ela tem um quarto adaptado especialmente para ela, com um chuveiro mais baixo e uma escada para que ela possa alcançar as prateleiras. "Minha altura não atrapalha meus estudos de forma alguma e a equipe da faculdade faz de tudo para que eu me encaixe". Jazz cita, como exemplo, o caso do avental que os estudantes devem usar no laboratório da faculdade. "Temos de vestir um avental no laboratório. Todo mundo estava escolhendo o seu, entre os tamanhos pequeno, médio e grande. Eu pensei: 'Não vou caber em nenhum, nem mesmo no pequeno'". A adolescente ficou comovida quando a faculdade pediu que o fornecedor dos uniformes tirasse suas medidas e fizesse um avental no tamanho dela. (O avental) "parece com qualquer um dos outros mas é do meu tamanho. Não estou brincando - quase chorei", ela admite. Identidade A decisão de sair de casa foi dura. Jazz cuidava da mãe e por compartilharem a mesma condição, as duas são muito próximas. Mas ela diz não se arrepender da decisão. "Queria meu pouquinho de independência, e adoro isso". O pai de Jazz era viciado em drogas. Por causa disso, a mãe cortou todo o contato com ele quando a filha nasceu. Mas Jazz decidiu entrar em contato com ele. Os dois se encontraram pela primeira vez. "Queria descobrir o que faz com que eu seja quem sou". Hoje, o pai é parte da sua vida. Os dois têm, em comum, o amor pelos animais e um senso de humor parecido. "Tem sido difícil", ela admite, "e mais duro do ponto de vista emocional do que eu imaginava". "Sinto que hoje tudo está completo, não está faltando nada". 'Únicas' O nanismo pode ocorrer de forma proporcional, quando há uma ausência de crescimento em todo o corpo. Nesse caso, o comprimento do abdômen e do peito é proporcional ao das pernas. Adultos com essa condição raramente alcançam 152 cm. Existe também o nanismo desproporcional, em que certos membros podem ser mais curtos. Nesse tipo de nanismo, a altura da pessoa pode ser severamente afetada. Adultos alcançam entre 107 e 137 cm. Jazz nunca quis saber que tipo específico de distúrbio de crescimento a afeta. Sua mãe foi submetida a vários testes durante a infância. Um deles envolveu a retirada de amostras de sua pele para que os médicos pudessem investigar sua condição e um possível tratamento. "Somos únicas", disse Jazz. "Não queremos que as pessoas saibam o que é, e que depois os cientistas tentem remover a condição, impedindo (as pessoas) de ter crianças (como nós)". Existem vários tratamentos para distúrbios de crescimento, incluindo injeções de hormônio do crescimento e cirurgias para aumentar o comprimento de braços e pernas. Mas Jazz disse que nunca considerou alterar sua altura natural. "Eu nasci com esta condição - aprendi a andar com essa condição, aprendi a fazer tudo com esta condição". "Não é algo que eu separo de mim, é parte da minha vida. Eu valorizo isso e não gostaria de mudar quem eu sou". "É por causa da minha condição que eu não quero limites". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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