Advogada de médico nega fraude com transplante no Rio

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Por TALITA FIGUEIREDO E FABIANA CIMIERI
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A advogada Simone Kamenetz negou hoje que seu cliente, o ex-chefe da equipe de transplantes hepáticos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Joaquim Ribeiro Filho, tenha beneficiado pacientes na fila de transplantes em troca de pagamento. O médico foi preso hoje na Operação Fura Fila, da Polícia Federal. No ano passado, quando o cirurgião foi afastado do cargo de coordenador do Rio Transplantes por causa da mesma acusação, a advogada recorreu da decisão e ganhou uma liminar na Justiça. O caso envolvia o filho do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, Carlos Alberto Arraes de Alencar, cujo advogado alegou hoje que a operação foi realizada em cumprimento a uma decisão judicial. "Neste caso, o fígado foi oferecido para outros pacientes que não tinham como custear a vinda desse órgão de Minas Gerais para cá. Ele seria jogado fora", afirmou. Em relação a outro transplante, que beneficiou o irmão do ex-secretário estadual de Transportes do Rio, Jaime Ariston, a advogada alega que "o órgão não era bom, era marginal, e foi oferecido a vários pacientes que se recusaram a recebê-lo." Kamenetz defende o médico Ribeiro Filho na área cível. O advogado criminal nomeado para defender o cirurgião, Paulo Freitas, não respondeu às ligações da reportagem para seu escritório. Cremerj O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar possíveis desvios éticos do cirurgião e de outros indiciados no caso. A presidente do conselho, Márcia Rosa de Araújo, solicitou o envio dos documentos e provas da Polícia Federal e do Ministério Público, mas adiantou que, até a conclusão e julgamento do processo ético, os envolvidos continuam a ter o direito de exercer a medicina. Segundo ela, o processo administrativo tramita independentemente dos existentes na Justiça, seja no âmbito cível ou criminal. "Eles podem ser considerados culpados pela Justiça e continuarem habilitados na profissão, e vice-versa".

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