Alckmin retoma disputa com RJ por água do Paraíba do Sul

Governador reafirmou que agência federal deve frear uso pela usina hidrelétrica de Santa Cecília e priorizar consumo humano

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Atualizada às 21h05

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SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), retomou nesta sexta-feira, 31, a disputa com o Rio pela utilização da água do Rio Paraíba do Sul - que abastece os dois Estados - e cobrou que a Agência Nacional de Águas (ANA) acione o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para priorizar o abastecimento humano na bacia hidrográfica da Represa Jaguari. Além disso, abriu a possibilidade de usar até o terceiro volume morto do Cantareira. Já o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, culpou o Estado de São Paulo pela crise.

Segundo Alckmin, a ANA deve frear a utilização de água do Paraíba do Sul na usina hidrelétrica de Santa Cecília, unidade da Light em Barra do Piraí (RJ). “Quando se verifica a retirada em Santa Cecília, são 160 metros cúbicos por segundo. Para a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgotos do Rio), (para abastecimento humano) são 45 metros cúbicos”, disse o governador, completando que na região metropolitana de São Paulo, com 22 milhões de pessoas, o consumo da bacia é de 66 metros cúbicos. “Como você pode tirar 160 (metros cúbicos)? É óbvio que a maioria é produção de energia elétrica e aí pode ter problema no futuro”, disse, durante evento em Araraquara. 

Governador quer priorizar o abastecimento humano na bacia hidrográfica à qual pertence a represa paulista de Jaguari que abastece os dois Estados. Foto: Maurício de Souza/Estadão

Alckmin evitou uma nova polêmica pessoal com o governador reeleito do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), pelo uso da água do Paraíba do Sul, mas lembrou ter alertado para a utilização do manancial na produção de energia elétrica quando a Represa Jaguari tinha 42% da capacidade de armazenamento - ante 11% hoje. “A depressão (na represa) foi para produzir energia elétrica em detrimento do abastecimento humano. Defendemos tanto o Rio de Janeiro quanto São Paulo, e a prioridade é abastecimento humano; são regras internacionais e energia elétrica você pode produzir por térmica, cogeração, biomassa e fotovoltaica”, afirmou. 

Cantareira. O governador de São Paulo disse ainda que utilizará a terceira parte do volume morto do Sistema Cantareira para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo, se houver necessidade, mas não deu prazos. Ele ressaltou que o mês de outubro foi o mais seco desde 1930 e defendeu a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “Temos 1.300 municípios com problemas (de seca, no País) e nenhum operado pela Sabesp. Não vai faltar água.”

Ministro. No encerramento do 23.º Encontro Brasileiro de Administração (Enbra), o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, disse que “São Paulo não fez as obras devidas para evitar este colapso que enfrenta hoje”. “As grandes obras que precisavam ser feitas e não foram acabaram provocando a situação que a capital está vivendo hoje. Há a uma espera pela chuva para resolver o problema em São Paulo.”

Ele espera que o próximo ano apresente uma situação de chuva melhor para as principais bacias do País. “A previsão mais concreta vai sair lá para 20 de dezembro, mas, pelo menos o El Niño, fenômeno climático que é um termômetro da possibilidade de ter chuva ou não por influenciar a temperatura do Oceano Pacífico, está neutro. O El Niño está muito fraco. Nem moderado está. Então, podemos ter uma perspectiva de chuva.”

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Segundo ele, “não será do tipo 2004, 2008,2009, que enche tudo, mas que seja ao menos para encher minimamente os reservatórios de pequeno porte”. “E aí já melhora a situação para a população.” / COLABOROU CARMEN POMPEU, ESPECIAL PARA O ESTADO

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