Aluno da rede pública com interesse em exatas terá bolsa

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Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

O Ministério da Educação vai pagar bolsas de R$ 150 para estudantes do ensino médio da escolas públicas que tiverem interesse nas áreas de ciências exatas e biológicas. Batizado de "Quero ser cientista, Quero ser Professor", o programa, uma espécie de iniciação científica na educação básica, pretende despertar o interesse dos jovens por matemática, física, química e biologia. A ideia é aumentar o número de universitários nessas áreas, consideradas as mais carentes de professores.O programa deve começar a partir de fevereiro de 2014 e a intenção do Ministério da Educação é ter 30 mil bolsistas no primeiro ano. A meta é 100 mil nos anos subsequentes. Os estudantes selecionados teriam uma jornada extra na escola, participando de aulas especiais e projetos de pesquisa supervisionados por professores, que também receberão uma bolsa. Universidades federais farão uma tutoria com o objetivo de supervisionar o programa. De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, existem hoje estudantes de escolas públicas com excelente desempenho na área de exatas, mas é preciso incentivo para que mantenham o interesse. "Se você não estimular, se ele não tiver motivação, ele pode depois perder esse interesse. O Brasil precisa de mais profissionais nessas área", afirmou. De acordo com dados do ministério, apenas 3% dos estudantes universitários do País estão nessas quatro disciplinas, e nem todos se transformam em professores. No total, a carência de docentes em áreas de química, física, biologia e matemática chega a 170 mil docentes. O incentivo a estudantes que se interessam pela área de Exatas é apenas parte de uma série de mudanças que o MEC pretendia anunciar em junho, em uma reforma mais abrangente no ensino médio. No entanto, os projetos estão saindo aos poucos - a maioria não foi divulgada ainda. Entre as propostas estão, além da bolsa, tornar o currículo do Ensino Médio, hoje extremamente inchado, mais flexível. A intenção é que tenha uma carga horária básica mínima e uma parte em que o estudante possa se dedicar mais às disciplinas que o interessem mais e sirvam de base para uma futura formação profissional. A reforma também deverá dividir o currículo em um formato mais semelhante ao que hoje é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio, com conteúdos que abrangem mais de uma disciplina.A reforma do Ensino Médio vem sendo discutida há mais de um ano pelo MEC. Até hoje, esse foi o nível educacional que nunca reagiu a nenhum dos programas propostos pelo governo federal. Foram ampliados os programas de merenda escolar, livro didático e transporte escolar, além de ser feito um enorme investimento na educação profissional para permitir a formação simultânea. Até agora o resultado foi quase nulo.O ensino médio tem três vezes o índice de evasão do fundamental: 10% dos adolescentes abandonam a escola. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que mede a qualidade da educação, cresceu apenas 0,1 ponto em 2011 (último dado disponível) e ainda regrediu em nove Estados. A reprovação chega a 14% dos estudantes.#ET

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