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Ambição do PMDB pode prejudicar MP de compra de bancos no Senado

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Por Redação
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A medida provisória que permite a compra de bancos privados pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal pode representar uma oportunidade de o PMDB sinalizar ao governo sua disposição de ocupar também a presidência do Senado. Com a presidência da Câmara assegurada por um acordo com o PT, o PMDB almeja a presidência do Senado, fortalecido pelo resultado das urnas nas eleições municipais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende o nome de Tião Viana (PT-AC) para o posto, mas o senador petista enfrenta resistências no PMDB, que cogita lançar candidato próprio. "Não duvido que possam usar a 443 como massa de manobra. Aliás, esse é o caminho trilhado pelo partido nos últimos anos", disse à Reuters o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), crítico do governo e, muitas vezes, do próprio partido. A MP 443 autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a adquirir instituições financeiras privadas. Às vésperas de ser votada na Câmara, a MP é alvo de críticas dos partidos de oposição, que enxergam uma suposta motivação estatizante do governo. DEM e PSDB, no entanto, não têm maioria para derrotá-la. Mas no Senado, onde o Planalto não tem maioria confortável, rachas na base aliada são sempre uma ameaça à governabilidade, especialmente em momentos de grande necessidade. O presidente Lula e sua equipe não querem o PMDB no comando da Câmara e do Senado--sob risco de aumentar exponencialmente o poder da legenda--e apostam numa solução para o impasse até 1º de fevereiro, data da eleição. "Ninguém tem bala na agulha para eleger o presidente das duas Casas sozinho", disse um ministro à Reuters sob condição do anonimato. Um bom termômetro para saber o tamanho da encrenca no Senado será o comportamento do PMDB na votação de outra MP anticrise, a 442. Criada para fazer frente a problemas de falta de liquidez, a medida autoriza o BC a comprar carteiras de crédito de instituições financeiras em dificuldades. Menos polêmica que a 443, ela já foi aprovada pelos deputados e aguarda parecer dos senadores. "O PMDB não tem unidade para querer comandar as duas Casas, é melhor buscar o entendimento. Ninguém quer dar excessiva força a um partido sem hegemonia", argumentou Jarbas, que é favorável ao nome de Tião Viana para a presidência do Senado. (Reportagem de Natuza Nery)

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