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América Latina e UE se reúnem em hora difícil para a região

Por MARCO AQUINO
Atualização:

Os líderes da América Latina e Caribe se reúnem com os da União Européia na quarta-feira, no Peru, para falar sobre pobreza e mudança climática. A reunião pode ser atrapalhada pelas disputas diplomáticas que ameaçam a governabilidade da região. Os rachas na América Latina podem inclusive ofuscar um possível pronunciamento sobre o aumento dos preços internacionais dos alimentos, por causa das plantações para a produção de biocombustíveis. "A situação na América Latina é de uma fragmentação poucas vezes vista desde a década de 1970. Não há unidade e isso é um problema para estabelecer um elo de ligação com a União Européia", disse à Reuters Alejandro Deustua, professor da Academia Diplomática do Peru. Entre os conflitos latentes está o da Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, que convocou nesta semana um referendo para anular outro, feito no dia 10 de agosto, abrindo a possibilidade de acabar com o mandato do presidente Evo Morales, pressionado pela oposição devido a suas reformas socialistas. Morales empreendeu um processo de nacionalização de empresas, muitas delas de origem européia, seguindo o modelo de seu amigo e aliado, o presidente venezuelano Hugo Chávez, cuja participação na cúpula ainda é incerta. Quarenta e cinco presidentes comparecerão ao encontro, em Lima, o qual será protegido por uma equipe de 9 mil policiais. É a cúpula mais concorrida, se comparada com as outras quatro feitas a cada dois anos. Mas líderes importantes podem não comparecer, como o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que pede a libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt, refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) há seis anos. A Colômbia é outra região tensa, devido às relações diplomáticas estremecidas com o Equador. O governo de Quito protestou contra uma operação colombiana em seu território, na qual houve um bombardeio a um acampamento das Farc. Chávez, que saiu em defesa do Equador durante o conflito, atacou no domingo o presidente colombiano, Alvaro Uribe, acusando-o de tentar fazer uma guerra, o que justificaria uma intervenção norte-americana na Venezuela. Segundo analistas, a importância dos Estados Unidos está decrescendo em relação à da Europa. (Reportagem adicional de Terry Wade)

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