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ANÁLISE-Debate testa reações de Obama para eleição presidencial

Por JOHN WHITESIDES
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O pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos Barack Obama conheceu de perto o tipo de política agressiva que ele prometia evitar, e aparentemente não gostou do que viu. O senador fez caretas no debate de quarta-feira, claramente desconfortável, quando vieram à tona assuntos com os sermões inflamados do seu pastor, suas relações com um radical da década de 1960, suas declarações sobre a "amargura" interiorana e o fato de não usar um broche com a bandeira dos EUA. O duelo contra a rival Hillary Clinton serviria para Obama testar na prática as reações que precisará ter caso seja o escolhido do Partido Democrata para enfrentar o republicano John McCain na eleição presidencial de novembro. "Foi um teste para Obama, e não acho que ele tenha ido particularmente bem. Ele terá de melhorar. Estava claramente desconfortável e parecia um pouco dolorido com isso tudo", disse o analista político Cal Jillson, analista político da Universidade Metodista do Sul (Texas). "Eles precisa desenvolver algumas respostas tranquilas e confiantes para essas questões, porque vai ouvir muitas outras", afirmou. As questões mais incisivas durante o debate partiram dos moderadores da ABC News, o que na quinta-feira valeu críticas à emissora. Tom Shales, crítico de TV do The Washington Post, considerou o comportamento do canal vulgar e desprezível. A entidade comunitária esquerdista MoveOn.org lançou um abaixo-assinado de protesto. Em um comício na Carolina do Norte, que vota em 6 de maio, Obama disse que as polêmicas do debate acabaram ofuscando as discussões sobre saúde, emprego, preço da gasolina e guerra do Iraque. Na opinião dele, Hillary parecia "no seu elemento", ou seja, num ambiente favorável. "Sei que algumas pessoas ficaram frustradas com ontem à noite, mas a verdade é que tudo o que estava acontecendo era o lançamento da campanha republicana contra mim em novembro", disse Obama, que lidera a disputa democrata. "Aconteceu só um pouco cedo, mas é isso que eles vão fazer. Vão tentar focar em todas essas questões que não têm nada a ver com como vocês estão pagando suas contas no fim do mês." As polêmicas a respeito do pastor Jeremiah Wright e da declaração de Obama chamando de "amargurados" os moradores de pequenas cidades ocorreram no intervalo entre as disputas importantes de Ohio e Texas, em 4 de março, e o confronto potencialmente decisivo da terça-feira que vem na Pensilvânia. A analista Linda Fowler, do Dartmouth College, de New Hampshire, afirmou que a imprensa está mais interessada em polêmica do que os eleitores, e que as pesquisas indicam que a frase sobre a "amargura" das pequenas cidades teve pouco impacto. "Isso diz muito mais sobre a mídia do que sobre os candidatos. Se esse troço é tão importante, porque as pesquisas não estão se mexendo?", perguntou. A própria Hillary disse que os ataques que Obama enfrentou no debate poderiam se repetir contra os republicanos na campanha para novembro, e fez críticas aos candidatos democratas derrotados por George W. Bush em 2000 e 2004, Al Gore e John Kerry.

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