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ANÁLISE-Eleição nos EUA pode mudar política para Cuba

Por TOM BROWN
Atualização:

Os cubano-americanos da Flórida votam nos republicanos há anos, mas o partido pode perder seu domínio no exílio dos opositores dos irmãos Castro na votação da próxima terça-feira, assinalando uma possível mudança na política americana em relação a Cuba. Pesquisas mostram o candidato democrata Barack Obama ligeiramente à frente ou empatado com seu rival republicano John McCain no Estado que decidiu a eleição de 2000 a favor do presidente Bush após uma recontagem polêmica. No cenário local, em uma mudança quase impensável até pouco tempo, três cubano-americanos republicanos de Miami que atuam na Câmara dos Deputados e raramente enfrentaram alguma concorrência estão empatados em disputas apertadas com democratas. Todos são apoiadores incondicionais do embargo comercial americano de 46 anos a Cuba, das restrições a viagens de familiares e das remessas de dinheiro, que Bush endureceu em 2004. Como Obama, seus adversários democratas querem por fim às restrições impostas por Bush e se apóiam na convicção de que o anti-comunismo linha-dura de Miami começou a minguar. Os democratas subiram junto com a maré de registros de eleitores em seu partido e pesquisas internas que os colocam em posição favorável na disputa de pelos menos dois de três distritos adjuntos do sul da Flórida. Estas pesquisas não podem ser confirmadas, mas os candidatos, assustados, puseram em curso o que os analistas têm classificado como a mais suja campanha da indigesta história política da região. "Essas pessoas são dinossauros", disse o democrataRaul Martinez, que desafia Lincoln Diaz-Balart, já em seu oitavo mandato. "Eles nunca enfrentaram nenhuma oposição. É por isso que sempre venceram", disse Martinez à Reuters. O sentimento anti-Castro ainda é forte entre os 650 mil exilados cubanos, que somam pouco mais de um quarto da população da grande Miami. Cubano-americanos idosos como Martinez, um ex-prefeito de um subúrbio de Miami oriundo da classe operária local, ainda se lembram de quando seus conterrâneos favoráveis à proximidade com sua terra natal corriam o risco de receber bombas ou ser alvejados em tiroteios à luz do dia. Mas as demonstrações de violência são lembranças distantes, e a mudança é evidente entre cubano-americanos mais jovens mais preocupados com a crise imobiliária e o desemprego crescente do que com a situação em Cuba. A maioria dos cubano-americanos mantém uma postura crítica a Cuba, diz Diaz-Balart, acrescentando que o governo comunista da ilha sempre teve o objetivo de retirar os opositores mais ferrenhos dos Castro do poder. Os Diaz-Balarts dizem que as conversas sobre mudanças entre cubano-americanos têm sido superestimadas. Mas em nenhum lugar elas ficam mais evidentes do que na Fundação Nacional Cubano-Americana, que de um grupo de pressão anti-comunista fervorosamente republicano sob o comando de seu ex-fundador Jorge Mas Canosa se transformou em uma organização apartidária que deu a Obama uma recepção calorosa em uma visita sua a Miami em maio deste ano. O filho de Canosa, que atualmente lidera o grupo, apoiou Obama em um artigo publicando no jornal The Washington Post. "A política americana para Cuba está na melhor das hipóteses congelada, senão contraproducente, o que é uma fonte de frustração crescente para muitos cubano-americanos," disse Santos, que deseja ver o próximo presidente remover as restrições de Bush às viagens familiares e às remessas de dinheiro e abrir mais canais de contato com a sociedade civil de Cuba.

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