ANÁLISE-New York Times pode encontrar um benfeitor em Slim

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Por ROBERT MACMILLAN E NOEL RANDEWICH
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O New York Times já ouviu uma boa parcela de opiniões sobre o que deve fazer para sobreviver. O bilionário Carlos Slim parece pronto a deixar seu caixa promover o diálogo. O magnata da área de telecomunicações de 68 anos, listado pela revista Forbes como o segundo homem mais rico do mundo com uma fortuna estimada em 60 bilhões de dólares, poderá colocar milhões deles na Times Co. O conselho de administração do jornal espera se reunir esta semana para discutir o assunto, segundo uma fonte familiar às negociações. Slim já combateu acusações no México de práticas anticompetitivas e monopolistas. Mais recentemente, ele ficou conhecido por doar milhões para obras de caridade. Suas intenções com o Times também poderão ser, de forma similar, filantrópicas. Alguns especialistas em mídia dizem que Slim dificilmente irá tentar forçar a família Ochs-Sulzberger, que comanda o New York Times por mais de um século, a vender o controle ou promover mudanças drásticas na companhia. O próprio Slim afirmou, quando divulgou a compra de 6,4 por cento das ações do jornal em setembro do ano passado, que seu interesse era puramente financeiro. "Isso faz dele o investidor ideal", afirmou Alex Jones, professor da Universidade de Harvard e autor do livro "The Trust", considerado uma biografia definitiva sobre o New York Times e a família Sulzberger. "Esse é um homem que já fez sua fortuna e está em sua trajetória de empreendedorismo como o patriarca Adolph Ochs, do Times", disse Jones. "Isso o torna diferente de outros investidores financeiros em busca de uma oportunidade de dominar uma companhia." Slim, atualmente o quarto maior acionista da Times Co., está próximo de um acordo para investir outros 250 milhões de dólares por meio de notas promissórias de 10 anos conversíveis em ações, disse o New York Times no sábado. Ainda que não tenha assento no conselho ou direito a votos, Slim poderá ganhar dividendos especiais anuais de 10 por cento ou mais. Ele também poderá se tornar o maior acionista com algo como um terço das ações preferenciais caso exerça a garantia. A família Sulzberger deverá manter o controle por meio de uma classe especial de ações. Slim poderá se tornar um parceiro peculiar para o New York Times, visto por muitos leitores como um jornal com forte conotação liberal. No México, Slim não é só o homem mais rico, mas também o mais poderoso. Uma de suas empresas, a América Móvil, dona da brasileira Claro, é a maior operadora de celular da América Latina e presta serviços para 7 em cada 10 usuários de telefone móvel no México.

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