PUBLICIDADE

ANP pode intervir no mercado para segurar preço do álcool

Agência defende redução no volume do combustível misturado à gasolina

Por Kelly Lima
Atualização:

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) quer intervir no mercado de etanol para conter a alta nos preços do produto. O diretor-geral da reguladora, Haroldo Lima, defendeu a intervenção direta por meio de uma redução no volume de álcool anidro adicionado à gasolina, já que o órgão não teria autonomia para interferir no valor cobrado nas bombas de combustíveis. "Queremos intervir, mas, como os preços estão liberados no mercado, só nos resta esta opção", disse o diretor.Segundo ele, a proposta de redução da mistura dos atuais 25% para 20%, deverá ser mais discutida para ser implementada já nas próximas semanas. "Estamos com tudo bem encaminhado, as discussões estão caminhando. Em breve fechamos isso."A redução da mistura, segundo Lima, poderia contribuir para reduzir a demanda do produto, fazendo com que o preço voltasse a ocupar um nível próximo do ideal. Para ser competitivo, o álcool hidratado deve custar no máximo 70% do valor da gasolina, porque seu poder calorífico é menor que o do derivado de petróleo. Segundo a mais recente pesquisa da ANP, a média do preço do combustível no Brasil foi de R$ 1,687/litro, alta de 3,8% ante o mês anterior e 11,64% a mais do que 2008. Atualmente, de acordo com a ANP, o combustível derivado da cana segue competitivo no tanque dos carros flex em apenas 6 dos 27 Estados brasileiros (incluindo o Distrito Federal): Goiás, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Tocantins.A diferença de preços acaba fazendo com que os consumidores migrem do álcool hidratado para a gasolina. Isso já pôde ser verificado em levantamento feito pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) em meados de novembro. O levantamento apontou que o consumo de hidratado, que é utilizado direto nos tanques dos veículos flex ou a álcool, não caiu por causa da alta dos preços, mas cresceu 1,75% entre outubro e novembro, em razão da recuperação econômica.No entanto, o consumo de anidro, que é misturado em 25% à gasolina, saltou 10,92%, se comparados os mesmos meses. Segundo a Unica, este é um reflexo que sinaliza a alta no consumo da gasolina, pela utilização cada vez maior do combustível derivado de petróleo.A entidade, que representa as usinas de cana-de-açúcar, é absolutamente contrária à proposta de redução da mistura. Dados da Unica apontam que a redução poderia representar um corte na demanda equivalente a 100 milhões de litros de álcool por mês. Segundo o presidente da Unica, Marcos Jank, a tendência de alta deve permanecer até março, quando começa a próxima safra na região Centro-Sul. Para a transição, ele afirma que há um estoque de 50 milhões de litros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.