Após derrota em votações, líder da centro-esquerda renuncia na Itália

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Por JAMES MACKENZIE E BARRY MOODY
Atualização:

O líder da centro-esquerda da Itália Pier Luigi Bersani anunciou nesta sexta-feira a sua renúncia, depois que rebeldes do seu próprio Partido Democrático (PD) sabotaram dois candidatos que ele havia apoiado na eleição presidencial indireta, aprofundando o caos político no país. Bersani disse em uma reunião com suas bancadas que renunciará à liderança do PD assim que a eleição do presidente da República for concluída. O mandato do atual presidente da Itália, Giorgio Napolitano, acaba em 15 de maio. Em dois dramáticos dias de votação parlamentar secreta, sucessivos candidatos da centro-esquerda foram incapazes de atingir a maioria necessária. "Ele aceitou sua responsabilidade depois da desgraça que aconteceu", disse o influente deputado Paolo Gentiloni, do PD. A crise interna na centro-esquerda, que tem a maior bancada no Parlamento, pode tornar mais provável a realização de uma eleição suplementar no verão italiano, como solução para o impasse político causado pela inconclusiva eleição parlamentar de fevereiro. Não está claro quem assumirá a liderança do bloco, mas a saída de Bersani abre caminho para a ascensão do seu arquirrival Matteo Renzi, o dinâmico prefeito de Florença, de 38 anos. A renúncia de Bersani foi informada logo depois de o ex-premiê Romano Prodi anunciar que desistiria de disputar a Presidência no processo eleitoral que reúne 1.007 deputados, senadores e representantes regionais. Mais de 100 eleitores de centro-esquerda haviam descumprido a orientação de Bersani para votar em Prodi. Antes, o ex-senador Franco Marini, também apoiado por Bersani, havia sofrido derrotas semelhantes. A Presidência da República é um cargo protocolar na Itália, mas ganha importância em momentos de instabilidade política, como o atual, por causa do seu papel na formação de governos. O apoio de Bersani a Prodi irritou também o líder centro-direitista Silvio Berlusconi, cuja bancada se absteve da votação e fez um protesto em frente ao Parlamento. Eles acusavam Bersani de ter traído um acordo para apoiar Marini, um candidato palatável à centro-direita, e disseram que essa situação deixa o país mais próximo de uma repetição das eleições. O bloco de Bersani precisaria formar uma coalizão para garantir maioria no Senado e conseguir governar, mas o dirigente rejeitou qualquer aliança com Berlusconi, e foi esnobado pelo partido alternativo Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo. Depois de quatro escrutínios na quinta e sexta-feira, novas votações estão previstas para sábado, mas Berlusconi disse que seu grupo irá novamente boicotar o processo se não houver um acordo prévio entre os partidos sobre quem será o candidato. Uma autoridade do PD disse que os eleitores de centro-esquerda vão votar em branco, prolongando o impasse. (Reportagem adicional de Paolo Biondi, Giselda Vagnoni, Naomi O'Leary e Gavin Jones)

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