Após período sabático, Cranberries volta à rota

Liderado pela irlandesa Dolores O'Riordan, grupo busca mostrar hoje, além dos hits que o levaram a vender 40 mil discos, o resultado de período experimental

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Por Jotabê Medeiros
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Depois de sete anos separados, os integrantes da banda irlandesa The Cranberries reencontraram-se no dia 12 de novembro do ano passado para uma "reunion tour" e já desembarcam hoje em São Paulo. A band leader do grupo, a cantora, compositora, guitarrista e gaitista Dolores O"Riordan (em carreira-solo, promovendo o disco No Baggage) esteve aqui em 2007 e cantou no Via Funchal.O grupo saído de Limerick, Irlanda, teve boa presença na cena do pop rock nos anos 1990 e vendeu cerca de 40 milhões de discos. O primeiro álbum, Everybody Else is Doing It, So Why Can"t We?, emplacou um megahit no topo das paradas britânicas, a canção Linger. E sua separação não foi litigiosa: Dolores e seus parceiros, os irmãos Noel e Mike Hogan e Fergal Lawlerez, não deram nenhuma demonstração de intolerância "conjugal", nem sustentaram arranca-rabos públicos. Portanto, ao se reapresentaram pela primeira vez na América Latina desde 2003 (anteontem, tocaram no Chile para 15 mil pessoas, na Movistar Arena), pareciam saudosos da velha parceria."Ao longo dos últimos anos, cada membro da banda teve tempo para trabalhar em diferentes projetos e aprender muito dessas experiências. Agora é a hora certa para The Cranberries colocar tudo isso junto e caminhar adiante", disse a cantora, que também disse que deu um tempo para cuidar dos filhos. Eles compuseram novas canções (Dolores compõe com Noel Hogan para o grupo) e vão lançar álbum de inéditas em breve. Mas o show de hoje é centrado em seus grandes sucessos planetários, canções como How, Zombie, Ridiculous Thoughts, Animal Instinct, Ordinary Day, Ode to My Family, Just My Imagination e Dreaming My Dreams.Dolores é carismática e tem uma voz que se integra a uma tradição, às vezes lembrando Sinéad O"Connor, outras lembrando Björk. Às vezes toca uma gaitinha, na maioria das vezes toca violão e guitarra. É ultrareligiosa - na sua mais recente apresentação no País, vestia uma camiseta com a inscrição "Fé" na frente, e tem uma cruz cristã tatuada no braço direito. Suas músicas, muitas vezes, também trazem abordagens políticas ou religiosas, como Zombie, que trata da guerra. No Chile, Dolores disse que a música era "um sonho de paz".Pequena e energética, tocou para cerca de 4 mil pessoas no Via Funchal com uma banda com mais pegada de rock"n"roll e bem menos pop do que foi o Cranberries (embora com um sabor típico dos anos 1980). Alternou com certa habilidade os hits de sua antiga banda com suas músicas novas. Foi assim que saiu do megassucesso Linger e passou direto para Ordinary Day, tocando um violão branco. Tocou também uma flautinha celta bem maneira. O baixista tinha pinta de ter acabado de escapar de um grupo poser de hard rock, coroa cabeludo de rosto sulcado. O baterista era a alma do negócio, pancada das boas. Misturando influências celta, indie, punk, pop, The Cranberries foi formado em 1989. "Nós sempre amamos estar juntos e eu os convidei para minha posse no Trinity College"s Philosophical Society (fundação artística criada em 1800 e que teve, entre seus integrantes, o escritor W.B. Yeats e atualmente o U2)", contou Dolores. "Nós conversamos um tempo e decidimos voltar a tocar juntos."[THE BAND]Ela vive em Ontario, no campo, e estava meio avessa à ideia de voltar às grandes turnês. "Não sou uma pessoa das cidades, não me sinto realmente confortável com toda a agitação da cidade, da selva de concreto e tudo isso. É só minha natureza, e não gosto também de viver sob pressão", afirmou. Mas ela também confessa: sentiu falta do fervilhar do palco e das multidões de fãs. E é esse talvez o principal motivo - além do faturamento, é claro, que ninguém vive de brisa - que traz os Cranberries de volta ao agito. ServiçoCranberries. Credicard Hall. Av. Nações Unidas, 17.955. Hoje, 22 h. R$ 100/R$ 300. www.ticketmaster.com.br

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