Londres 2012: Treze coisas curiosas que deram o que falar nessa Olimpíada

Tatuagens olímpicas, unhas com bandeiras, fitas adesivas e outros detalhes de atletas e das provas que chamaram a atenção em Londres 2012.

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Por BBC Brasil
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A atenção está sempre nas performances "de ouro", nas voltas por cima e nas derrotas agonizantes na Olimpíada, mas e os pequenos detalhes? Estas são algumas das curiosidades menos observadas dos Jogos de Londres até agora. As corridas no sentido anti-horário Há um mal entendido comum de que o uso frequente do sentido anti-horário nas pistas ovais de atletismo remonta da Grécia Antiga, mas isso não é verdade. De acordo com Paul Cartledge, professor de história grega na Universidade de Cambridge, em Olímpia e em outros lugares da Grécia tanto a pista de corrida quanto o hipódromo (a pista para as competições com cavalos) eram retos e os atletas corriam em uma só direção, indo e voltando. Nas primeiras olimpíadas modernas - Atenas (1896 e 1906), Paris (1900) e St. Louis (1904) - os maratonistas corriam no sentido horário. O sentido mudou para a esquerda depois disso (exceto pela maratona da Olimpíada de Londres 1908, que foi mudada novamente para que a Família Real pudesse ver melhor a competição). Então como o sentido anti-horário se tornou o oficial? De acordo com o livro Running Through the Ages ("Correndo pela história", em tradução livre), de Edward Seldon Sears, o hábito se transformou em norma no início dos anos 1900 e os organizadores começaram a ser pressionados para se adaptarem. Há muitas outras teorias sobre o domínio do sentido anti-horário. A maioria das pessoas são destras e algumas supõem que é mais fácil para elas correr desta forma. Como a perna direita é a mais forte nos destros, parece fazer sentido que ela percorra uma distância um pouco maior. Mas segundo o corredor britânico aposentado John Regis, o sentido da prova não faz diferença para destros ou canhotos. "Eu sou destro, mas isso não era algo sobre a qual eu pensava. Era só parte do esporte, você era treinado para correr dessa maneira. Minha perna direita é um pouco mais forte e trabalha um pouco mais, mas não tanto que faça com que mais esforço seja posto nela." O nome da equipe britânica Nem todos estão satisfeitos com o nome da delegação britânica nos Jogos de Londres. "Team GB" (Time GB), tecnicamente exclui a Irlanda do Norte, território britânico situado na ilha da Irlanda. O ministro do Esporte da Irlanda do Norte, Gregory Campbell, pediu a mudança do nome em 2009 e seu sucessor também. Os partidários da mudança dizem que "Team UK" ("Time Reino Unido", em tradução livre) seria um nome mais apropriado, mas a Associação Olímpica Britânica resiste à ideia de mudar o nome, dizendo que "O Team GB é a Grã-Bretanha e o Time Olímpico da Irlanda do Norte". Mas uma mudança para "Team UK" não incluiria lugares como as Ilhas do Canal e a Ilha de Man, que são administrados pela coroa britânica, mas não fazem parte do Reino Unido, e mesmo assim enviam atletas para a delegação. Além disso, um nome como "Team GB, NI (Irlanda do Norte) e Dependências da Coroa" seria grande demais para os comentaristas e espectadores. Tatuagens dos anéis olímpicos Houve muitas delas. Homenagens dos correios aos atletas Cada um dos atletas britânicos que ganha uma medalha de ouro ganha um selo com sua imagem, e tem uma caixa de correios de sua cidade natal pintada de ouro. Mas como os selos são feitos tão rapidamente? Quando o velejador Ben Ainslie ganhou sua medalha de ouro na classe Finn masculina do último domingo, uma equipe de oito designers do Royal Mail, o correio britânico, já estava de plantão. Fotógrafos enviaram a eles, por e-mail, uma seleção das melhores imagens da prova e a equipe teve uma hora para examiná-las, encontrar a melhor, cortá-la e fazer um tratamento, colocar o nome do atleta e posicionar a foto no modelo da página de seis selos já preparado. Quando os selos foram impressos, uma frota de 90 motoristas dos correios colocaram os lotes em suas vans e os entregaram em mais de 500 filiais dos Correios, para que eles já pudessem ser vendidos a partir do meio-dia da segunda-feira. Francês como língua oficial dos Jogos Na cerimônia de abertura, todos os discursos principais foram feitos primeiro em francês, depois em inglês. Mas por que? Além de ser considerada a linguagem da diplomacia, o francês também é a língua oficial do movimento Olímpico - que é baseado na cidade de Lausanne, na Suíça francesa - em homenagem ao Barão de Coubertin, que desenvolveu os Jogos modernos nos anos 1890. Mas há quem diga que a primeira língua deveria ser o inglês - porque o Barão teria se inspirado em visitas à Grã-Bretanha para a organização das Olimpíadas - e até o grego, onde os Jogos nasceram. Fones de ouvidos de marca Ficou claro antes dos Londres 2012 que qualquer tentativa de não-patrocinadores de fazer suas marcas aparecer durante os Jogos não seriam toleradas. No entanto, pelo menos uma empresa conseguiu burlar a regra. Muitos espectadores da Olimpíada perceberam a frequência com que aparecem nas imagens os fones de ouvido do rapper americano Dr. Dre. A onipresença acontece em parte por causa da distribuição gratuita desses fones para os atletas. Eles foram particularmente observados na natação, quando as câmeras mostram os nadadores enquanto eles "entram no clima". Mordidas na medalha Por que é costumeiro que os ganhadores das medalhas de ouro mordam as medalhas quando posam para as fotos? O gesto imita o costume antigo de checar se uma moeda era realmente feita de ouro. Se for realmente ouro, os dentes devem deixar uma pequena marca na superfície do metal. Alguns dizem que o teste foi feito especialmente para descobrir falsificações de chumbo, que era ainda mais mole que o ouro. Agora, a mordida se tornou um hábito e os fotógrafos geralmente pedem o gesto aos atletas. Em fevereiro de 2010, durante os Jogos de Inverno, um atleta alemão quebrou a ponta de um de seus dentes da frente após morder sua medalha. Apesar de ser uma das maiores de todos os tempos, a medalha de Londres 2012 contém somente 1,34% de ouro. O triunfo das fitas coladas no corpo Já estamos acostumados a ver os corpos dos atletas com fitas adesivas coloridas, mas a jogadora de vôlei alemã Katrin Holtwick intrigou o público com seus desenhos elaborados. Oito fitas azul-turquesa apareciam em sua barriga durante o jogo contra a República Tcheca no primeiro dia dos Jogos. Sua companheira Ilka Semmler optou por fitas rosa fluorescente nos glúteos. Acredita-se que a fita japonesa Kinésio ajuda a curar as lesões musculares provocadas pela partida. Usar fitas normais dá apoio aos músculos e ligamentos, mas limita os movimentos e, de acordo com o japonês Kenzo Kase, inventor da Kinesio, atrapalha o processo de cura das lesões, porque restringe o fluxo de fluidos inflamatórios sob a pele. Teoricamente, a fita Kinesio suspende a pele para ajudar o fluxo linfático, diminuindo a dor e o inchaço nos locais lesionados. No entanto, a ciência ainda não tem provas conclusivas dos efeitos da prática. Arte 'patriótica' nas unhas Pinturas chamativas nas unhas, adoradas pelas adolescentes, também marcaram presença nos Jogos de Londres, nas mãos de nadadoras, arqueiras, jogadoras de vôlei e tenistas. As unhas da nadadora britânica Rebecca Adlington chamaram a atenção fazendo contraste com o topo de sua medalha de bronze. A medalhista de prata da mesma prova dos 800m nado livre, Mireia Belmonte, disse ter ficado com inveja da colega. "Eu disse que gostei das unhas dela, com a bandeira britânica. Fiquei fascinada e quero fazer o mesmo", disse Belmonte. A medalhista de ouro americana da natação, Allison Schmitt, fez um estilo diferente com seu patriotismo - esmalte vermelho com uma unha azul em uma das mãos, e unhas azuis com um esmalte vermelho na outra. Ela não usou a cor branca, mas o público entendeu a mensagem. O cartão negro Os fãs do futebol estão acostumados a cartões vermelhos e amarelos, mas o cartão negro é novidade para muitos entusiastas do esporte. Ele foi visto em uma ocasião na semana passada - quando o juiz de badminton Torsten Berg mostrou um equipes acusadas de tentarem perder suas partidas na tentativa de manipular os resultados. Em eventos Olímpicos, somente o badminton e a esgrima utilizam o cartão negro, que significa "desqualificação". Na esgrima, o cartão é seguido de uma audiência disciplinar. No caso da equipe chinesa, das duas equipes sul-coreanas e da equipe indonésia de badminton, os cartões foram mostrados após a promessa de que eles jogariam honestamente, mas uma audiência posterior os desqualificou mesmo assim. Um esgrimista que recebe um cartão negro também é expulso da competição. Rosa em toda parte Rosa é uma das cores usadas na identidade visual dos Jogos de Londres 2012, assim como azul, verde e laranja. A cor esteve em vários lugares, desde o tatame da ginástica até a nuvem de poeira na competição de tiro. "Foi estranho, nós entramos na arena e pensamos: 'uau'", disse a ginasta americana Gabby Douglas, de 16 anos. "Essa é a pior combinação de cores de todos os tempos. Seus olhos ficam malucos", afirmou. O rosa foi escolhido para a programação visual da Olimpíada por significar amizade, calidez e bem-estar. "É conhecida a ideia de que se você expõe as pessoas a esta cor por um curto período de tempo, elas se acalmam", diz Jonathan Gabay, autor do livro The Brand Messiah ("O messias da marca", em tradução livre). "Mas como fundo é muito estranha - outra confusão em termos de marca", diz Gabay. "Se você está na Inglaterra e nos Estados Unidos, espera uma predominância de vermelho, branco e azul." Mas talvez seja este o objetivo do rosa - manter a neutralidade, ao invés de mostrar suas cores em todos os lugares, para fazer com que atletas dos quatro cantos do mundo se sintam em casa. Corpos notáveis Durante as Olimpíadas, os físicos extraordinários dos atletas sempre tem destaque. Mas alguns foram mais comentados que outros. O nadador italiano Fabio Scozzoli chamou a atenção por seus enormes músculos nas axilas e o ciclista alemão Robert Forstermann, por suas coxas. Uma foto subaquática de Scozzoli, que tem 23 anos, tirada durante a final dos 100m peito, mostrou os músculos flexionados, que se assemelhavam a um par de asas. Alguns até o chamaram de "arraia humana". Os diamantes de Lochte Com tantas bandeiras nas unhas e anéis olímpicos tatuados nos corpos, é preciso arrojo para de destacar ainda mais com uma atitude fashion. Foi o caso do nadador Ryan Lochte. Ele usa uma proteção para os dentes incrustada de joias quando recebe uma medalha. Houve notícias de que organizadores pediram a Lochte que ele tirasse sua joia de US$ 25 mil (R$ 50 mil), incrustada com diamantes e rubis no formato da bandeira americana, para a cerimônia da entrega da medalha de ouro dos 400m medley individual. Mas logo depois, ele voltou a vesti-la orgulhosamente para as fotos, mordendo a medalha com seus dentes brilhantes. O protetor teria sido desenhado pelo rapper Paul Wall, de Houston, no Texas, e foi feito especialmente para que ele a usasse na Olimpíada. 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