19 de outubro de 2011 | 03h04
"Além disso, é o local da bacia com maior diversidade de espécies aquáticas e terrestres", completa Orsi.
A exemplo do que acontece também em Belo Monte (PA), a região em que a UHE Mauá foi parcialmente instalada tem tribos indígenas, de três diferentes etnias.
Além das acusações de manipulação do EIA-RIMA e de ausência de documentos que seriam necessários para determinar os impactos ambientais, como uma avaliação integrada da bacia, há outro problema: na área selecionada para a instalação do lago de 90 quilômetros quadrados e 130 metros de profundidade, funcionavam antigas minas de carvão mineral.
"O consórcio diz que cobrirá a área com uma camada de argila, mas isso não é suficiente. Uma de nossas professoras, Sirlei Dennemann, pagou do próprio bolso uma avaliação do sangue dos ribeirinhos e índios da região. Eles apresentavam altos índices de contaminação por chumbo, cobre e mercúrio. Com a pressão do lago, esses contaminantes vão penetrar mais fundo no solo e podem ameaçar águas subterrâneas", crê o biólogo.
Rachadura. O lago ainda não foi formado e, em julho, uma rachadura de 12 metros apareceu no paredão da barragem. Os pesquisadores, junto com o MPF, tentam impedir que a região seja inundada. "Não há um plano de evacuação de fauna, é um descalabro", diz Orsi.
Os cientistas dizem que Londrina (a 380 km de Curitiba) será a cidade mais afetada pela barragem caso entre em funcionamento. "Quase 70% da água da cidade vêm da bacia do Tibagi", diz Mário Orsi.
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