Argentina multa Petrobras por falta de gasolina em postos

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Por LUCAS BERGMAN
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A Argentina começou nesta quarta-feira a aplicar multas em empresas devido à falta de gasolina nos postos de abastecimento do país, em meio ao aumento das denúncias e do desconforto da população. Filas, postos de gasolina vazios, quantidades mínimas para o abastecimento com diesel ou gasolina e pagamento apenas em dinheiro são algumas das imagens que povoam a cidade de Buenos Aires e se estendem ao restante do país. Uma fonte do governo disse à Reuters que, após as primeiras inspeções realizadas durante o dia, cinco postos de abastecimento da Petrobras receberam multas por não possuírem combustível. O valor das penalidades não foi especificado. "O governo federal não encontra nenhum motivo para que possa faltar sequer um litro de combustível em qualquer mangueira do país de maneira geral", afirmou na quarta-feira o ministro de Planejamento, Julio De Vido, a jornalistas. "As petroleiras têm obrigação de explorar, produzir e abastecer o mercado, e de exportar o excedente; se não for assim, o governo federal tomará as medidas corretivas que acredita serem cabíveis", acrescentou, em declaração reproduzida pela agência de notícias estatal Telam. A Argentina mantém um acordo tácito com as petroleiras para que os preços da gasolina premium permaneçam em torno de 70 centavos de dólar o litro e os de diesel por volta de 50 centavos de dólar, em meio a um momento de expansão da economia e de aumento na demanda. Em 2007, o total de veículos novos comercializados atingiu um recorde anual, a produção industrial registrou o quinto ano de alta e a colheita em geral foi recorde, incrementando a demanda de combustíveis no varejo, na indústria e na agricultura. REVENDA Os preços congelados da gasolina, aliados ao aumento dos custos provocado pela inflação, geram queixas dos postos de abastecimento, que sofreram com a redução nas margens de rentabilidade e, nos últimos anos, têm desaparecido, sucumbindo à venda dos terrenos para a construção de moradias. No início da colheita de soja, principal bem de exportação da Argentina, e com expectativas de uma crescente necessidade da indústria por óleo diesel durante o inverno, diante do horizonte de escassez de gás, surgiram denúncias sobre a revenda e a retenção de combustíveis. "Há um novo mercado de revenda", disse Rosario Sica, titular da Federação de Empresas de Combustíveis da República Argentina (FECRA). Sica assegura que os postos revendem o diesel a um preço levemente superior para o mercado para melhorar um pouco as margens, e que as empresas revendem o combustível para agricultores no interior do país a preços até 33 centavos de dólar por litro mais altos. "O campo está sofrendo com a retenção e as indústrias também, porque todo mundo está tratando de provisionar, já que aparentemente teremos um inverno negro com o gás", acrescentou. Desde 2004 a Argentina enfrenta sérias restrições no fornecimento de gás natural durante o inverno por conta de um atraso nos investimentos de exploração e transporte do produto. (Por Lucas Bergman)

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