Artistas angolanos são destaque no desfile da Tom Maior

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Por Mário Sérgio Lima
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Um dos destaques do desfile da Tom Maior, quarta escola a desfilar no primeiro dia do carnaval paulistano, foi um grupo de artistas angolanos que veio prestigiar a participação da escola, que levou à avenida o samba-enredo "Uma Nova Angola se Abre para o Mundo! Em Nome da Paz, Martinho da Vila Canta a Liberdade", que contava a história do país. Felizes pela oportunidade de participar da festa no Brasil, os angolanos reforçaram o bom relacionamento entre os dois países. "Fico muito feliz com esse reconhecimento. São dois países muito ligados. Uma época foi pela escravidão, mas hoje é a cultura, a música", afirma o músico Matias Damázio, pela primeira vez no País. Segundo Damázio, Angola também festeja o carnaval no mês de fevereiro, embora ele faça a rápida ressalva: não se compara ao brasileiro. "Até por conta do investimento que fazem aqui", aponta, para depois reforçar a principal semelhança: o ritmo musical. "O samba é muito parecido com a nossa música." Também músico, considerado "o rei do semba (o samba angolano)" em seu país, Elias Diakimuezo já esteve no Brasil durante o carnaval, em 1982. Essa é a quarta vez que ele vem para o País. "É uma emoção diferente dessa vez. Até pela amizade entre os dois países, quis participar desse desfile", afirmou. Ambos são unânimes em apontar que o país africano vive uma época de esperança. Após anos de uma sangrenta guerra civil, Angola experimenta um processo de reconstrução do país e de crescimento econômico, em muito impulsionado pelo Brasil. "Há muitas construtoras brasileiras atuando em Angola", diz Damázio. "Angola precisa continuar nesse momento de crescimento, para ser reconhecida. Temos de olhar para o futuro. Hoje, Angola está se tornando um espelho para os outros países", afirma Diakimuezo. Segundo Diakimuezo, a música e o esporte têm sido os catalisadores do processo de reunificação nacional em Angola. "É importante acabar com a raiva que ficou nas pessoas depois de tantos anos e de tantas mortes", afirma. "Estamos passando por um processo de desenvolvimento muito rápido. Temos de reconstruir essa estrada e, como uma sociedade, criar uma forte base para o futuro", completa Damázio.

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