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Artistas e moradores saem em defesa de parque de SP

Por Roger Marzochi
Atualização:

A Associação dos Moradores Amigos do Parque Previdência (Amapar), no Butantã, com ajuda de intelectuais e músicos que moram na região, promovem de hoje até o dia 26 eventos em comemoração ao aniversário de 31 anos do parque, localizado entre a Rodovia Raposo Tavares e a Avenida Eliseu de Almeida, na zona oeste da capital paulista. A ocasião também servirá como um ato de defesa da área de cerca de seis hectares de Mata Atlântica, o equivalente a seis campos de futebol, contra o avanço desordenado do setor imobiliário.A Prefeitura de São Paulo planejava construir um túnel sob o parque para interligar a Avenida Eliseu de Almeida com a Corifeu de Azevedo Marques. A obra, porém, destruiria parte da área. Chegou a anunciar a desistência do projeto no início de setembro, mas ainda não a de uma avenida. O túnel passaria sob o Parque da Previdência e sobre a Praça Elis Regina desembocando na Escola Municipal Amorim Lima. O movimento afirma que, se realizada, a obra iria na contramão do que se pratica hoje no mundo "e traz, segundo o primeiro estudo de impacto ambiental, um risco a sua vegetação e rede hídrica e, portanto, comprometendo a sua existência e causando grande deterioração ao entorno". Transformado em parque municipal no fim da década de 70, o Parque Previdência é um fragmento de Mata Atlântica e recebe cerca de 700 pessoas durante o final de semana.Hoje, a partir das 15h, terá início um show de música popular com Ná Ozetti, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Vange Milliet e Banda Odegrau no gramado ao lado da administração do parque. Amanhã, das 14h às 16h, Dança Circular e Rodas de Estórias. E de terça até o dia 26, a programação oferece oficinas de artes plásticas, plantio de novas mudas de espécimes da Mata Atlântica, entre outras atividades culturais e ambientais. RessonânciaO músico José Miguel Wisnik, que mora há 38 anos à beira do parque, alerta que a expansão dos interesses imobiliários deve respeitar a riqueza natural do lugar. "O que esse evento evidencia é que a população do bairro, com artistas que moram aqui e pessoas com várias atividades ligadas à cultura, está se mobilizando. E a música entra nisso, pois é a linguagem que tem uma grande capacidade de agregar. O som tem esse poder", afirma.Ele também é autor do livro "Som e o Sentido: Uma outra história das músicas", que relata como o homem vem usando o som ao longo do tempo e, sob essa perspectiva, a história da própria música. "Curiosamente, um livro todo escrito à beira do parque", lembra ele, devido à localização de sua residência.Para Wisnik, "de fato há ressonância da música das pessoas que moram no bairro com o parque, o jardim, a região, a cidade e o mundo". "E vamos em escalas como numa série harmônica. Sabemos que essas batalhas fazem parte de uma batalha global, em analogia ao som, com ressonância maior", completa.

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