Associação de empregados diz que vai à Justiça após declarações do presidente da Eletrobrás

Em gravação, presidente da estatal chama gerentes da empresa de "vagabundos" e "safados"

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Por Mariana Sallowicz e
Atualização:

Rio - A Associação dos Empregados da Eletrobrás (AEEL) vai recorrer ao Judiciário e à Comissão de Ética Pública após recentes declarações do presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior. O executivo chama de “vagabundos” e “safados” gerentes da estatal em áudios divulgados com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

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“A AEEL e sindicatos desconhecem a existência, no corpo funcional na Eletrobrás, de empregados vagabundos, safados ou inúteis, que ganham entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, como exposto pelo presidente da empresa”, diz a entidade em nota.

A associação destaca que somente gerentes têm como benefício garagem, secretária e celular corporativo e que as indicações gerenciais passam pela aprovação formal do presidente e diretores. No áudio, o executivo diz que “40% de caras inúteis não servem para nada, ganhando uma gratificação, um telefone, uma vaga de garagem, uma secretária”.

A AEEL informa que em dezembro de 2016 a empresa implantou um processo de reestruturação organizacional, permanecendo apenas cerca de 100 posições gerenciais. “Sendo assim, cabe ao presidente Wilson Pinto Jr, identificar e divulgar internamente, dentre os 100 gerentes nomeados por ele, quais se enquadram nos termos utilizados pelo mesmo (vagabundos, safados ou inúteis)”, diz a nota.

A associação pede ainda que sejam esclarecidos os motivos pelos quais as supostas irregularidades apontadas pelo presidente “em jornais e seminários externos nunca foram corrigidas por ele, conforme previsto em norma. “Se ao longo de um ano de sua gestão nem os gerentes nem a diretoria tomou nenhuma providência, teria ela se omitido, perdoado ou seria conivente com tais malfeitos?”, indaga a entidade.

A associação diz que na gestão de Ferreira Junior tudo se faz por inexigibilidade ou dispensa de licitação, “como pode ser comprovado pelo estratosférico crescimento dessa modalidade de contratação na empresa”.

A entidade aponta que os problemas da empresa decorrem principalmente da ineficiência de sua alta gestão, “que sequer consegue fazer coisas básicas e esperadas de qualquer gestor mediano, como, por exemplo, ter credibilidade para comandar seu corpo gerencial”.

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“Ao não conseguir o que quer, o mesmo vai à imprensa se queixar de sua própria ineficiência, porém jogando para a plateia tentando manipular a sociedade de que a culpa é dos empregados, gerentes e da instituição”, critica a AEEL.

A entidade declara ainda que o presidente “não se sente parte” da Eletrobrás e cita mais a CPFL em sua fala do que a empresa atual. Ele foi presidente da CPFL Energia entre 2002 e 2016.

“Possivelmente sequer conhece a nossa empresa e a grandiosidade de suas usinas, linhas de transmissão, subestações e demais instalações. Ao invés de viajar para Portugal para receber um prêmio sobre gestão ética, deveria rodar o Brasil e conhecer a nossa imensa malha elétrica, construída, operada e mantida pelos trabalhadores da Eletrobrás, espinha dorsal do setor elétrico brasileiro. Ou então voltar para sua tão querida empresa chinesa, a CPFL”, diz a nota.

A conversa do presidente da Eletrobrás com sindicalistas gerou mal-estar na empresa, a ponto de o executivo se ver obrigado a gravar uma fala na televisão interna pedindo desculpa pela “veemência” com que se referiu ao que considera “privilégios” na estatal.

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