Astronautas testam métodos de reparo durante última caminha espacial

A técnica de reparo foi desenvolvida pela Nasa para assegurar que um desastre como o do Columbia não aconteça novamente

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Por Agencia Estado
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Dois astronautas realizando uma caminhada espacial aplicaram nesta quarta-feira um selante semelhante a uma pasta utilizada na fixação dos elementos de uma construção para testar novas técnicas de reparo que podem algum dia ser necessárias para salvar um ônibus espacial danificado. Após mais de uma hora de caminhada espacial, com duração esperada de 6 horas e meia, uma das cordas de segurança do astronauta Mike Fossum foi destravada, atrasando os astronautas por um curto tempo, enquanto ele a colocava novamente na posição travada. Não houve perigo de Fossum sair flutuando pelo espaço, já que ele está preso ao complexo por mais de uma corda. O porta-voz da Nasa Rob Navias disse que problemas como esse acontecem ocasionalmente. "Eles são duplamente e em alguns casos triplamente amarrados dependendo de onde estão", disse. "Suas chances de sair flutuando pelo espaço são zero". Esta é a terceira e última caminhada espacial de Fossum e do astronauta britânico Piers Sellers enquanto o Discovery está acoplado à Estação Espacial Internacional. "Parece que há milhares de ilhas abaixo de mim...Olá mundo!" Seleers disse quando saiu da estação espacial enquanto passava 354 quilômetros acima da Espanha e rumava para seu braço robótico para uma carona até o compartimento de carga do ônibus espacial. Sellers fez imagens da estação espacial e da asa do Discovery usando uma câmera com infravermelho enquanto era movido pelo braço robótico controlado pela astronauta Lisa Nowak de dentro da ISS. Usando uma arma de vedação, os dois aplicaram o selante em 12 amostras de carbono reforçado propositadamente danificadas armazenadas no compartimento de carga do Discovery. O carbono reforçado é usado para proteger as extremidades da asa e o nariz do ônibus espacial calor que pode alcançar 1.260 °C durante a reentrada na atmosfera da Terra. Uma rachadura na asa poderia causar a mesma catástrofe que ocorreu com os sete astronautas do Columbia, que morreram em 2003 quando gases inflamáveis penetraram o ônibus espacial através de uma rachaduras na asa. A técnica de reparo foi desenvolvida pela Nasa para assegurar que um desastre como aquele não aconteça novamente. Usando grandes luvas de seus trajes espaciais, Sellers e Fossum massagearam o selante com uma espátula para evitar que ele produzisse bolhas devido à gravidade zero. "Essas bolhas se comportam de maneira diferente na gravidade zero - elas não sobem à superfície", disse Fossum em entrevista na terça-feira. "Se você tiver muitas bolhas presas abaixo da superfície, não conseguirá o reparo que quer". Devido a preocupações com a temperatura, os testes precisam ser feitos quando está entre 1,6 e 38 °C, assim, o experimento será conduzido durante as porções noturnas da órbita. A ISS circula a Terra a cada 1 hora e meia. Durante entrevistas à Associated Press e o USA Today na terça-feira, Sellers descreveu a terceira caminhada espacial como "um experimento de laboratório cuidadoso e meticuloso". "os dois primeiros foram um tipo de levantamento de peso", disse Sellers "Nós estávamos movendo pesadas partes de equipamentos por aí e realizando uma série de trabalhos pesados". Durante a primeira caminhada espacial no último sábado, Sellers e Fossum demonstraram que o trabalho de reparo emergencial do ônibus espacial poderia ser feito do final de tripé conectado a um braço robótico. Na segunda caminha, na segunda-feira, eles consertaram uma peça crucial da Estação Espacial Internacional (ISS) e instalaram um compartimento para o sistema de refrigeração do complexo. Apesar de os astronautas terem treinado para isso, a terceira caminhada espacial foi um acréscimo de último minuto, aprovada depois que o Discovery estava no espaço. Ela adicionou mais um dia na missão, que agora vai durar 13 dias. As caminhadas espaciais podem ser cansativas, mas Sellers disse que ele e Fossum tinham uma maneira segura de recuperar a energia depois de cada jornada fora da estação espacial. "Quatro copos de café depois, nós nos sentimos muito melhor", disse. A equipe do Discovery também inclui o astronauta alemão da Agência Espacial Internacional Thomas Reiter.

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