Ato de sindicatos vai de 'Fora Sarney' a 'Volta Zelaya'

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Por CAROLINA FREITAS
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A diversidade de manifestações marcou o protesto que uniu 3 mil integrantes de centrais sindicais e entidades do movimento social na Avenida Paulista, na Capital, na manhã de hoje. Os gritos pediam desde a saída do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), até a restituição do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. Bandeiras vermelhas das centrais de trabalhadores confundiam-se com as da mesma cor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e somavam-se às bandeiras lilases de grupos feministas. A passeata partiu às 11 horas da Praça Oswaldo Cruz e chegou pouco depois das 12 horas ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde foi encerrada com um ato político de mais de uma hora.Os líderes sindicais criticaram à exaustão, do alto de um caminhão de som, os governadores de São Paulo, José Serra, e do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, ambos do PSDB. Serra foi acusado de "privatista", pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL), por vender empresas estaduais, como o Banco Nossa Caixa. Yeda foi lembrada pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva, por coordenar um "governo corrupto". Sobrou munição para exigir a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a garantia de emprego em tempos de crise, a reforma agrária e a gestão nacional do petróleo da camada pré-sal.Com os principais nomes da eleição presidencial de 2010 já delineados - Serra pelo PSDB e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pelo PT - os líderes sindicais fizeram questão de tomar partido. Sem citar o nome de Dilma, preocuparam-se em atacar o governador paulista. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, recomendou "cuidado" aos que discursavam: "Não podemos ofender um governo (federal) que fez tanto por nós para, ano que vem, correr o risco de ver eleito (presidente) esse picareta do Serra." O presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, José Calixto Ramos, acusou o governador paulista de "congelar salários e reprimir movimentos sociais".O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, separou a eleição de 2010 em "dois lados". "O lado neoliberal e o lado que vai manter o Brasil no rumo do desenvolvimento", disse Gomes. "Estamos do lado dos que vão continuar o trabalho feito nos últimos oito anos." O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto, reforçou a ideia da cisão apresentada por Gomes: "Há o lado da classe operária e o lado dos que são contra a classe operária."

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