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Atrasos em aeroportos de cidades da Copa aumentam pressão sobre Brasil

Por BRAD HAYNES E ANTHONY BOADLE
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A menos de 10 semanas do início da Copa do Mundo, os trabalhos em novos e cruciais terminais de aeroportos na maioria das 12 cidades sede da Copa do Mundo estão atrasados, destacando o risco de superlotação e confusão durante o torneio. Um terminal de lona temporário será usado em vez da planejada expansão do aeroporto para receber os fãs em Fortaleza (CE), que irá sediar seis jogos, incluindo um confronto entre Brasil e México e uma decisão das quartas de final. Representantes já preparam alternativas para outras cidades. "Outros aeroportos não disseram nada ainda, mas eles provavelmente terão que elaborar contingências", disse Carlos Ozores, o principal consultor de aviação da ICF International, que foi consultado por empresas aéreas brasileiras e operadores de aeroportos. Preocupações com os aeroportos brasileiros estão em destaque pois esses modais representam alguns dos investimentos mais duradouros para o mundial. Uma série de outros projetos de transporte foram adiados ou cancelados, somando críticas à visão de que a Copa do Mundo deixará os brasileiros com poucos benefícios de longo prazo. Soluções rápidas e entregas de última hora são uma receita para o caos no complexo setor de aviação, dizem analistas. Aberturas complicadas de terminais em Londres, na Inglaterra, e Denver, nos Estados Unidos, levaram meses para serem arrumadas. Qualquer caos aéreo será especialmente constrangedor para a presidente Dilma Rousseff, que fez uma forte aposta política na privatização de aeroportos importantes para deixá-los prontos para o mundial. Se esses aeroportos falharem em entregar um bom serviço que justifique a privatização, o assunto pode rapidamente se tornar um problema de campanha eleitoral, já que Dilma busca a reeleição. Porém, os atrasos de construção nos aeroportos administrados pelo Estado são mais dramáticos. No começo do mês passado, a reestruturação aeroportuária em sete cidades sede da Copa do Mundo estava apenas pela metade ou em estágio ainda pior, de acordo com a Infraero, a empresa governamental que administra as operações de aeroportos. Ainda assim, os projetos de gestão privada estão sob escrutínio. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) redobrou suas inspeções em três aeroportos privatizados porque os trabalhos estavam atrasados em relação aos cronogramas propostos. No aeroporto que serve Brasília (DF), o barulho de britadeiras ecoa em um saguão aberto, onde passageiros subindo uma escada rolante podem ver um buraco de seis metros de largura no chão, atrás de uma área de desembarque. Um novo terminal deve abrir em semanas e o operador privado promete outro até maio, embora autoridades locais estejam minimizando essa possibilidade. No aeroporto de Guarulhos (SP), próximo a São Paulo, a fachada brilhante do novo Terminal 3 esconde um interior onde ainda faltam várias paredes, tetos e sistemas operacionais básicos. "Guarulhos é onde esperamos ter o maior revés", disse um funcionário do governo informado sobre o progresso do aeroporto, que pediu anonimato dada a sensibilidade da questão. O sistema automatizado de verificação de bagagem e imigrações originalmente prometido não estará pronto para a Copa do Mundo. O novo terminal internacional deve abrir em uma fração de sua capacidade potencial, operando apenas um em cada quatro voos internacionais - menos de 10 por cento do tráfego total no aeroporto. Operadores dos aeroportos concedidos à iniciativa privada dizem que irão entregar os terminais no prazo prometido. Mas os prazos para os aeroportos era apertado desde o início. Após os leilões em fevereiro de 2012, documentos e regulações seguraram o início das construções até o segundo semestre daquele ano, deixando os aeroportos com mais ou menos um ano e meio para as reformulações. O aeroporto de Viracopos, também concedido à iniciativa e localizado em Campinas (SP), tinha 82 por cento das obras de expansão concluídas em janeiro, cerca de três meses antes do prazo. Seu operador, porém, não quis permitir uma visita ao local. A necessidade do Brasil de novos terminais de aeroportos é inquestionável, com três em cada quatro aeroportos com uso além da capacidade desde 2010, depois que o tráfego aéreo mais do que dobrou em uma década, de acordo com a Infraero. (Com reportagem adicional de Leonardo Goy)

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