Autuada empresa que enterrou leite no RS sem licença

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Por Sandra Hahn
Atualização:

A Nutrilat foi autuada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) por enterrar milhares de caixas de leite longa-vida em duas propriedades privadas de Fazenda Vilanova, município a 90 quilômetros de Porto Alegre (RS). Os dois locais não tinham licença de operação para esta finalidade. A Fepam aplicou multa de R$ 20,450 mil à indústria, que foi adquirida no dia 8 de outubro pela Bom Gosto. O primeiro carregamento do produto foi descoberto pelo policiamento ambiental do Vale do Taquari no distrito Alto Pinheiral na sexta-feira, após denúncia anônima. A segunda parte, com 3,5 mil caixas, foi detectada no domingo no distrito de Glória, também após ligação anônima. O comandante do grupo de policiamento ambiental da região, Anestor José de Moura, disse que a primeira área é de campo e, na segunda, há plantação de milho longe do local do descarte. O advogado Diego Romero, que representa a Nutrilat, afirmou que o produto foi descartado de forma indevida após acidente com uma empilhadeira na fábrica em Fazenda Vilanova. O choque da empilhadeira com prateleiras de leite armazenado ocorreu na noite do dia 14 de outubro e danificou as embalagens. Por isso, segundo Romero, a fiscalização do Ministério da Agricultura (Mapa) condenou 725 mil caixas de leite. Naquele dia, 1,2 milhão de litros de leite estavam armazenados na fábrica. O superintendente do Mapa no Rio Grande do Sul, Francisco Signor, confirmou que a fiscalização condenou o leite por causa dos danos às embalagens. Ele ressaltou que o Mapa não emitiu orientações sobre o descarte das embalagens. A Nutrilat afirmou, em nota, que "não existe nenhuma relação entre os produtos/resíduos descartados e leite contaminado". Conforme a empresa, "laudo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) atesta serem apropriados para consumo humano os produtos das marcas Nutrilat e Mu-Mu referentes aos mesmos lotes dos produtos descartados". Romero acrescentou que a empresa recebeu prazo de 24 horas para o descarte "e tomou decisão equivocada". A Nutrilat não tem estimativa de quantas caixas de leite foram enterradas, mas afirmou que apenas as duas propriedades foram usadas no descarte. Parte do produto condenado foi entregue a produtores rurais para uso do leite na ração animal, destino autorizado pelo Mapa. Recuperação dos Terrenos A Fepam vai exigir que a indústria remova todas as caixas de leite das propriedades e recupere os terrenos, informou o chefe da divisão de controle de poluição ambiental, Renato das Chagas e Silva. As duas propriedades utilizadas tinham licença para receber lodo industrial, que resulta do tratamento de efluentes da indústria de laticínios e serve como adubo orgânico. Não há contaminação das propriedades, já que a embalagem é inerte e o leite age como adubo, disse Silva. O Mapa ainda aguarda o resultado de dez amostras de leite coletadas no Estado para verificar a possível adição de água ou soro. O superintendente federal já havia dito que o órgão passou a receber mais denúncias de adulteração do leite quando os preços começaram a subir, na entressafra da produção. Sobre a fiscalização do produto, Signor defendeu a rotatividade de funcionários nas indústrias de leite e carne como forma de evitar a criação de vínculos.

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