Ban, da ONU, vai ao Sudão para pressionar por acordo de paz

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Por PATRICK WORSNI
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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitou Juba nesta terça-feira, no sul do Sudão, para tentar acelerar a implementação do acordo de paz de 2005 que encerrou a guerra civil mais longa africana. Ban se reuniu com o líder sudanês Salva Kiir para negociações que, segundo assessores, visavam a solucionar problemas na concretização do acordo de paz que acabou com as duas décadas de conflito entre o governo do norte do país e os rebeldes do sul. O secretário-geral, que faz sua primeira visita ao Sudão, também deve ir à região de Darfur, no oeste do país, dizimada pela guerra. Ele disse ter conseguido uma promessa do presidente do Sudão de permitir que um rebelde de Darfur deixe o país para receber atendimento médico. Uma autoridade da ONU que participa da viagem diz que há "sinais preocupantes" sobre a implementação do acordo de paz, como a demora na retirada de tropas do governo do sul, especialmente nas áreas produtoras de petróleo. "Os dois lados indicaram seu comprometimento com o acordo. Mas é importante não deixá-lo escapar", disse a fonte. Cerca de 2.000 reuniram-se em Juba para receber Ban, com cartazes de apoio aos rebeldes do sul e outros exigindo a retirada do exército sudanês da região. O prazo de 9 de julho para o exército tirar todos os soldados do sul, estabelecido pelo acordo de paz, não foi cumprido. O ministro sudanês do Petróleo, Ahmed Awad al-Jaz, afirmou no sábado que as tropas do norte serão retiradas dos campos de petróleo "gradativamente". Também há preocupação com a demora na implementação do censo nacional, crucial para a realização das eleições democráticas prometidas para 2009, e da votação sobre a secessão do sul, que deve acontecer até 2011. O secretário-geral do Movimento pela Libertação do Povo Sudanês, Pagan Amum, declarou em julho que a sensação de demora no cumprimento do acordo de paz pode pressionar os habitantes do sul a escolher a independência. Numa entrevista coletiva conjunta com Kiir, Ban reconheceu os problemas, mas restringiu as declarações a dizer que era "obrigação do povo do Sudão implementar" o acordo norte-sul. Mais tarde, num discurso na Universidade de Juba, ele caracterizou o acordo como fundamental, de "marco essencial e frágil, da paz em todo o Sudão, muito além de Darfur". Sobre Darfur, Ban disse ter conseguido autorização do presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, para que o rebelde Suleiman Jamous deixe o país para receber atendimento médico, depois de mais de um ano praticamente em prisão domiciliar.

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