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Bando anunciava em jornais de sindicatos

Quadrilha tentava conquistar clientes por meio de anúncios

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A quadrilha envolvida no golpe do emprego nos Estados Unidos usou jornais de sindicatos para conseguir clientes. Ao menos duas vítimas ouvidas pelo Ministério Público Estadual (MPE) foram seduzidas por esses anúncios. Outros procuraram as agências espontaneamente, em busca de oportunidade de trabalho temporário com remuneração em dólar.O soldador Leonel José Pereira, de 48 anos, foi um dos que leram o anúncio no jornal do sindicato. Ele se inscreveu, passou por todas as etapas e recebeu o visto americano. Quando chegou aos Estados Unidos, Pereira foi colocado no alojamento cedido pela empresa Five Star. Ali viviam trabalhadores brasileiros, mexicanos e de outras nacionalidades que aguardavam há dois meses por uma vaga no mercado de trabalho americano - alguns passavam fome. Assustado, Pereira decidiu voltar para o Brasil, mas jamais conseguiu reaver os R$ 12 mil investidos na viagem.Outro que acabou seduzido por um anúncio de emprego no jornal de sindicato foi Tadeu Aparecido do Nascimento, de 31 anos. Assim como Pereira, ele passou pelos testes aplicados pelo consulado americano e conseguiu o visto de trabalho temporário. Nos Estados Unidos, começou o pesadelo. Só conseguiu trabalhar por dois meses. Depois disso, teve de se manter com suas economias. Como não falava inglês ou espanhol, não era aceito por nenhuma empresa. Como se não bastasse a decepção, Nascimento era constantemente ameaçado de ser entregue para as autoridades de imigração.O MPE ouviu também vítimas que nem sequer chegaram a ter seus vistos de trabalho emitidos pelo consulado americano. Em março de 2006, Valdeci Nunes de Souza, de 45 anos, fez parte de um grupo com cerca de 20 pessoas que se submeteram a um treinamento para conseguir o visto de trabalho. Antes de ser entrevistado pelos agentes do consulado, ele foi orientado a não mencionar que havia feito contrato como uma agência de emprego. Souza teve o pedido de visto recusado. Do grupo do qual fez parte, só três tiveram sucesso. Nunca foi ressarcido dos R$ 4.500 investidos. Um advogado o orientou a não fazer nada, senão seria "prejudicado". B.T.

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