Barco viking chega à Irlanda depois de quase mil anos

As 65 pessoas que tripulavam o Sea Stallion saíram de Roskilde, na Dinamarca, no dia 1o de julho

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Por JONATHAN SAUL
Atualização:

Um navio viking reconstruído chegou a Dublin na terça-feira quase mil anos depois de sua versão original ter afundado na costa da Dinamarca. A tripulação do barco foi revivendo ao longo da viagem os difíceis trajetos percorridos pelos nórdicos até a Irlanda. As 65 pessoas que tripulavam o Sea Stallion (Garanhão do Mar) saíram de Roskilde, na Dinamarca, no dia 1o de julho, usando apenas remos e velas para percorrer mais de mil milhas náuticas e responder a perguntas ainda sem resposta sobre a construção de navios e as viagens vikings. Os sinos da cidade badalaram e uma flotilha de veleiros recebeu o navio na entrada do porto de Dublin, na terça-feira. "Vocês chegaram até aqui numa viagem de descobertas", disse o prefeito de Dublin, Paddy Bourke, quando o barco, com sua tripulação voluntária, atracou. Feito com a madeira de 300 carvalhos, a embarcação, de 30 metros de comprimento e 4 metros de largura, é o maior navio viking já reconstruído, segundo seus construtores. O barco original foi construído em Dublin em 1042, mas naufragou 30 anos depois no fiorde de Roskilde, cerca de 50 km ao sul de Copenhague, e ali ficou até o início das escavações, em 1962. A réplica foi concluída em 2004, depois de quatro anos de trabalho. A viagem do Sea Stallion quis reproduzir as condições que os temidos guerreiros nórdicos tinham de enfrentar mil anos atrás. O capitão do navio, o dinamarquês Carsten Hvid, disse que o momento mais difícil foi a entrada no mar da Irlanda, quando ventos fortes e ondas de 5 metros castigaram o barco. "Colocamos os coletes salva-vidas e preparamos os botes", disse Hvid aos repórteres ao chegar a Dublin. Ele afirmou, porém, que ninguém caiu no mar. Num pequeno trajeto da viagem, o barco foi rebocado. Na maior parte, porém, a tripulação enfrentou a natureza no convés, com apenas um metro quadrado de alojamento para cada membro da tripulação. Parte da equipe teve de passar algum tempo num barco auxiliar devido à hipotermia ou a ferimentos leves. "Às vezes, fazia frio e chovia forte desde de manhã até a manhã seguinte", disse à Reuters o responsável pelo projeto, Prieben Rather Sorensen. "Não tínhamos o tempo que os vikings tinham, já que precisávamos estar aqui hoje. Esse foi um dos desafios." Pesquisadores vão analisar as gravações e os dados coletados na viagem, e o barco ficará exposto no Museu Nacional de Dublin até 2008, quando uma tripulação chefiada por Hvid fará a viagem de volta. Sorensen disse já estar contando os dias para zarpar. "É como uma droga -- não dá para viver sem ela", disse ele.

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