Barreto confirma remoção de presos para presídio federal

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Por Fausto Macedo
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O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, informou hoje que o governo do Rio de Janeiro solicitou nesta manhã mais oito vagas em presídios federais para remoção de presos envolvidos na onda de ataques incendiários. "Acabo de ser informado que o governador Sérgio Cabral (PMDB) pediu a transferência de mais oito presos do Rio para o sistema prisional federal. Vamos providenciar ainda hoje."Barreto, que passou por Florianópolis (SC), onde presidiu a reunião da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), disse que o "sistema logístico está preparado para receber esses presos e mantê-los distantes de qualquer ação criminosa". Ele negou que a inteligência das forças de segurança falhou ao não prever a onda de violência do tráfico na guerra do Rio. "Não falhou, a tática usada por esses bandidos é tática de guerrilha", declarou. "Munidos de coquetéis molotov deram início a ataques incendiando ônibus e veículos de passeio, em ações muito difíceis de se prever onde, quando e como vão acontecer."O ministro rebateu ainda a informação de que os ataques nas ruas do Rio foram deflagrados a partir de uma ordem de dentro do presídio federal de Catanduvas, no Paraná. "Houve, na verdade, a interceptação de uma comunicação externa, uma carta que tentaram entregar a um prisioneiro, onde ficou clara a insatisfação com a política de segurança do Rio, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que provocaram a perda do território e das atividades econômicas do crime organizado. Não há nenhum dado que indique alguma ordem de dentro do presídio federal."Para Barreto, o mais importante agora é a atuação conjunta do aparato policial, com reforço das Forças Armadas e da Polícia Federal (PF) - um efetivo de 300 homens da PF foi deslocado para o Rio. "O trabalho de inteligência permite melhor compreensão desse fenômeno por parte das forças policiais. Agora, vamos desestruturar a cadeia de comando do crime. Posso assegurar que o esfacelamento dessa estrutura está ocorrendo agora.""A parceria vai fazer com que o Rio retome imediatamente sua normalidade social", prevê o ministro. "Estamos provendo uma ação para evitar que o tráfico continue aterrorizando a população nas ruas, continue praticando atos de vandalismo. Tudo aquilo que o Rio precisar, o Ministério da Justiça vai liberar por ordem expressa do presidente Lula."Na prática, segundo o ministro, Brasília já deslocou patrulhas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), abriu novas 50 vagas no sistema penitenciário federal e colocou à disposição apoio da Força Nacional de Segurança, além dos quadros da PF "para reverter o quadro de violência rapidamente". O ministro se disse convencido de que a reação do tráfico é um protesto contra as UPPs. Segundo ele, as unidades estão reconquistando territórios antes dominados pelo tráfico.ProjetoO ministro defende imediata aprovação no Congresso do projeto 6.578/2006, que define juridicamente o que é o crime organizado e disciplina métodos de investigação - incluindo a infiltração de agentes nas organizações, vigilância monitorada, interceptação telefônica e delação premiada. "Nossa expectativa é que (o projeto) entre em pauta na próxima terça-feira na Comissão de Segurança Pública da Câmara. O Estado terá melhor estrutura jurídica para combater o crime organizado."Barreto disse que quatro presídios federais de segurança máxima estão preparados para receber os presos da guerra do Rio. "Um quinto presídio está em fase licitação." Ele reafirmou que o governo federal já liberou 50 vagas para presos do Rio. "E se for preciso vamos ter mais vagas", anunciou.O ministro revelou que o governo tem três projetos em curso para impedir o avanço do crime pelas fronteiras, com ações aéreas, inclusive, que permitem localização de pistas clandestinas de pouso e galpões que servem de depósitos para drogas e armas pesadas.

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