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Base da seleção na Copa, Teresópolis se preocupa com invasão de até 100 mil

A cidade que servirá de base para a seleção brasileira na Copa do Mundo prevê receber até 100 mil pessoas durante o Mundial, uma invasão que Teresópolis aguarda com grande expectativa, mas preocupada que leve a um extrapolamento dos problemas vividos pela população. A rede hoteleira comemora a taxa de ocupação de 93 por cento --e subindo-- para o período da Copa do Mundo, a partir da chegada da equipe do técnico Luiz Felipe Scolari em 26 de maio, enquanto moradores reclamam de ruas esburacadas, do engarrafamento diário e da falta de investimentos até mesmo na rodoviária, porta de entrada para boa parte do visitantes. "A rodoviária está em petição de miséria", reconheceu o secretário de Cultura, Ronaldo Fialho, um dos encarregados da preparação da cidade para a Copa, em entrevista por telefone à Reuters. "As pessoas estão nos cobrando muito a respeito da rodoviária. Mas o Brasil se preparou para a Copa? A nossa rodoviária está para a Copa como os aeroportos estão para o Brasil", disse. "Teresópolis não fica na Noruega, onde tudo funciona, Teresópolis é um município do Brasil, com todos os problemas que o país tem", afirmou, ponderando, no entanto, que a cidade "vai dar conta da invasão de turistas e jornalistas". O município da Região Serrana fluminense, com cerca de 150 mil habitantes e a 100 quilômetros do Rio de Janeiro, abriga o centro de treinamento da seleção brasileira na Granja Comary desde 1987. Considerado antigo e inadequado, o local foi deixado de lado na preparação da equipe para os últimos Mundiais, mas passou por uma ampla reforma estimada em 15 milhões de reais, a pedido do técnico Felipão, para receber o time que vai disputar o Mundial em casa. Além de modernizar as instalações, as obras serviram para isolar mais os jogadores, que antes tinham um contato próximo com a imprensa e com torcedores durante os treinamentos. A intenção foi aumentar a privacidade dos atletas e melhorar as condições de treinamentos. Um dos campos de treino recebeu o mesmo tipo de gramado que será utilizado nos estádios do Mundial, que será disputado de 12 de junho a 13 de julho.

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

"OBRAS DE FACHADA"

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A Granja fica a poucos quilômetros da entrada da cidade, num condomínio de classe-média alta, distante do engarrafado centro e mais ainda da empobrecida região rural, onde morava a maioria das cerca de 1.000 pessoas que morreram num desastre em 2011 provocado pela chuva.

O local também está afastado da rodoviária, apontada por moradores como a principal oportunidade perdida com a Copa.

Sem jamais ter passado por uma reforma estrutural, o terminal tem poucos banheiros, praticamente não há oferta de locais para alimentação e o edifício tem péssima aparência devido à manutenção precária.

"Fizeram só obras de fachada na cidade, jogaram asfalto na entrada e em algumas avenidas, mas largaram o resto abandonado", disse a arquiteta Márcia Barbosa, moradora de Teresópolis há mais de 30 anos, que também lamentou o estado da rodoviária.

"Quem chegar na cidade de ônibus vai ficar com uma impressão horrorosa", acrescentou.

O setor turístico, principal motor da economia local, é o que está mais animado com a presença da seleção brasileira para o Mundial. Dos cerca de 4.700 leitos em 58 hotéis e pousadas, a ocupação é 93 por cento, e alguns deles estão totalmente fechados desde o ano passado.

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Empresários têm feito doações para a prefeitura enfeitar a cidade, motoristas de táxi receberam curso de inglês para atender aos turistas e alguns pontos turísticos foram reformados.

"A cidade ganhou uma bela maquiagem", disse o taxista Vinícius Bittencourt, que inclusive trocou de carro de olho no movimento maior devido à presença da seleção.

Nem todos a consideraram "bela", no entanto. Um morador de 17 anos foi detido pela polícia esta semana por ter ateado fogo a uma réplica de 6 metros de altura da taça da Copa do Mundo que estava na principal avenida. A justificativa dele, segundo a polícia, foi que achou a escultura feia.

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