"OBRAS DE FACHADA"
A Granja fica a poucos quilômetros da entrada da cidade, num condomínio de classe-média alta, distante do engarrafado centro e mais ainda da empobrecida região rural, onde morava a maioria das cerca de 1.000 pessoas que morreram num desastre em 2011 provocado pela chuva.
O local também está afastado da rodoviária, apontada por moradores como a principal oportunidade perdida com a Copa.
Sem jamais ter passado por uma reforma estrutural, o terminal tem poucos banheiros, praticamente não há oferta de locais para alimentação e o edifício tem péssima aparência devido à manutenção precária.
"Fizeram só obras de fachada na cidade, jogaram asfalto na entrada e em algumas avenidas, mas largaram o resto abandonado", disse a arquiteta Márcia Barbosa, moradora de Teresópolis há mais de 30 anos, que também lamentou o estado da rodoviária.
"Quem chegar na cidade de ônibus vai ficar com uma impressão horrorosa", acrescentou.
O setor turístico, principal motor da economia local, é o que está mais animado com a presença da seleção brasileira para o Mundial. Dos cerca de 4.700 leitos em 58 hotéis e pousadas, a ocupação é 93 por cento, e alguns deles estão totalmente fechados desde o ano passado.
Empresários têm feito doações para a prefeitura enfeitar a cidade, motoristas de táxi receberam curso de inglês para atender aos turistas e alguns pontos turísticos foram reformados.
"A cidade ganhou uma bela maquiagem", disse o taxista Vinícius Bittencourt, que inclusive trocou de carro de olho no movimento maior devido à presença da seleção.
Nem todos a consideraram "bela", no entanto. Um morador de 17 anos foi detido pela polícia esta semana por ter ateado fogo a uma réplica de 6 metros de altura da taça da Copa do Mundo que estava na principal avenida. A justificativa dele, segundo a polícia, foi que achou a escultura feia.