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Bastos: a capital 'nipônica' do ovo

O município já passou pelo cultivo do café, é forte na criação de bicho-da-seda, mas o destaque é a avicultura

Por Niza Souza
Atualização:

Fundada pelo imigrante japonês Senjiro Hatanaka, em 18 de junho de 1928, a cidade de Bastos, a 530 quilômetros da capital, tem a maior porcentagem de pessoas de origem asiática do Estado de São Paulo. Dos 20 mil habitantes, mais de 11% são descendentes de japoneses. E foram justamente os imigrantes orientais que, mesmo sem experiência na agricultura, fizeram da cidade uma referência na produção de café, algodão e de bicho-da-seda, tudo isso até o fim da década de 40. ''A luta pela sobrevivência forçou os imigrantes a aprenderem logo a agricultura'', resume o diretor-executivo do Sindicato Rural de Bastos, Yasuhiko Yamanaka. Mas foi no fim da década de 50 que a cidade encontrou sua vocação agrícola: a produção de ovos. Em pouco tempo Bastos ficou conhecida como a capital do ovo, título que ostenta até hoje. Responsável por 20% da produção nacional de ovos, o município tem em torno de 70 produtores, dos quais apenas duas famílias não são descendentes de japoneses, com plantel de 17,6 milhões de aves e produção de quase 12 milhões de ovos por dia. OBSTINAÇÃO ''Acho que isso é resultado da obstinação e persistência, que fazem parte da nossa cultura. Sempre temos em mente o objetivo de crescer'', diz o avicultor Wellington Koga, de 51 anos, que faz parte da terceira geração da família Koga em Bastos. A história da família no Brasil começou pouco mais de um ano após a fundação de Bastos. ''Meu avô chegou em agosto de 1929, quando meu pai tinha 5 anos'', diz. Kazu era o terceiro filho da família. ''A tradição no Japão é a de que o primeiro filho, o mais velho, tome conta da casa. Os outros podem ir embora.'' Foi o que Kazu fez. Casou-se no Japão e veio para o Brasil em busca de um meio de vida. ''Meu avô comprou um pedaço de terra da Fazenda Bastos, que deu origem à cidade. Mesmo sem experiência, plantou arroz, para o consumo da família, e algodão, para vender'', conta Wellington. Em 1952, Kazu comprou um pedaço de terra para seu filho, que iniciou sua própria criação, a Granja Koga, hoje comandada pelo filho, Wellington. ''Meu pai ficou algum tempo trabalhando com meu avô para aprender a criar galinhas e foi trabalhar independente'', recorda. Cinqüenta e seis anos depois, o plantel de cem galinhas poedeiras transformou-se em 1,2 milhão de aves, que produzem 2.200 caixas de ovos (de 30 dúzias) por dia. O espírito de trabalho em conjunto também ajudou os imigrantes a se destacarem na agricultura. ''Sempre trocamos experiências. Já passamos por várias crises, como no fim da 2ª Guerra, quando os americanos pararam de comprar nossa seda. Mas ajudamos uns aos outros e nos reerguemos.'' 17,6 milhões é o número de aves de postura em Bastos. Destas, 14,5 milhões em produção 68 produtores de um total de 70 granjeiros de Bastos são japoneses ou têm origem nipônica 11,9 milhões de ovos ou 33 mil caixas de 30 dúzias é a produção diária da cidade

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