Batalha de curdos por Kobani une povo dividido por fronteiras

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Por ISABEL COLES
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Enroladas em bandeiras curdas, milhares de pessoas foram às ruas para comemorar o comboio militar que se dirige à antes quase desconhecida cidade síria de Kobani, que agora é foco de uma guerra global contra os militantes do Estado Islâmico.  Combatentes curdo-iraquianos, os peshmerga, estavam a caminho para ajudar os companheiros curdos a defender Kobani, em uma batalha que tem grande significado na campanha dos Estados Unidos para “degradar e destruir” a insurgência radical islâmica. Ainda não está claro se o contigente, pequeno mas bem armado, de peshmergas será o suficiente para mudar o rumo da batalha, mas o envio de reforços é uma potencial mostra de unidade entre grupos curdos, que mais frequentemente buscam se rivalizar um com os outros.  A frente unificada está sendo formada à medida que os curdos emergem como o aliado mais confiável e eficaz do Ocidente em solo tanto no Iraque quanto na Síria.  Mas a preservação dessa unidade pode ser traiçoeira, dadas as concorrentes ambições de lideranças entre os mais de 30 milhões de curdos do mundo, a maioria deles sunitas, mas que tendem a se identificar mais pela etnia do que pela religião.  Governos em cada um dos quatro países nos quais eles se localizam --Iraque, Síria, Turquia e Irã-- tendem a explorar as divisões internas dos curdos para afastar suas aspirações por independência.  “Tudo o que queremos é que o povo curdo se una”, disse Ayyoub Sheikho, de 33 anos, que fugiu de Kobani no mês passado e agora vive em uma tenda num campo de refugiados na região do Curdistão iraquiano. “Se não nos unirmos, seremos esmagados." Fuad Hussein, chefe de gabinete do presidente do Curdistão, disse que o Estado Islâmico havia “destruído as fronteiras”.  “É a mesma organização terrorista que ataca (as cidades iraquianas de) Khanaqin, Jalawla, Mosul, Kirkuk e também (a cidade síria) Kobani, e criou uma solidariedade entre os curdos”, disse ele à Reuters.  O envio dos peshmergas para Kobani ilustra um grau de cooperação sem precedentes que emergiu entre grupos curdos desde que o Estado Islâmico tomou um terço do Iraque no meio do ano e proclamou um califado que vai além da fronteira com a Síria.

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