BB eleva crédito no 3o tri à custa de margens menores

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Por ALUISIO PEREIRA
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O crescimento robusto da carteira de crédito do Banco do Brasil no terceiro trimestre foi insuficiente para agradar o mercado, que viu na piora de margem financeira, eficiência, lucro e rentabilidade razões para castigar as ações da empresa. De quebra, provisões maiores para perdas com inadimplência, sobretudo para cobrir o Banco Votorantim, adicionou dúvidas sobre quando a instituição no qual o BB detém metade do controle vai parar de comprometer os resultados do conglomerado. A maior instituição financeira da América Latina teve lucro líquido de 2,728 bilhões para o período, queda de 5,7 por cento na comparação ano a ano e de 9,3 por cento na base sequencial. Em termos recorrentes, o lucro de 2,657 bilhões de reais, alta anual de 3,3 por cento, veio quase em linha com os 2,636 bilhões de reais esperados por analistas, segundo média de estimativas apurada pela Reuters. "Aconteceu o que prevíamos, aumento dos volumes e redução das margens", disse a jornalistas nesta quinta-feira o vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores do banco, Ivan Monteiro. De fato, após ter implementado, no final de abril, o programa "BOMPRATODOS", dentro da estratégia do governo federal de usar os bancos estatais para forçar a queda nos spreads bancários, o BB chegou ao final de setembro com uma expansão de 20,5 por cento da carteira de crédito em 12 meses, o dobro da média de seus principais concorrentes privados. O preço desse avanço, no entanto, foi uma queda anual de 17,1 por cento nas receitas de intermediação financeira, para de 25,08 bilhões de reais. Além disso, a rentabilidade do BB sobre patrimônio líquido, medida de lucratividade entre os bancos, caiu 4 pontos percentuais em 12 meses. Uma componente dessa piora foi o avanço de 15,5 por cento na provisão para perdas com crédito, para de 3,76 bilhões de reais no terceiro trimestre, embora a inadimplência tenha tido uma alta apenas residual, de 2,11 para 2,17 por cento em 12 meses. Para completar, a instituição ainda teve queda de 37,4 por cento nos resultados de operações com tesouraria no trimestre, o que foi salientado por analistas. "A qualidade do resultado foi ruim em função principalmente da influência dos ganhos em tesouraria e taxas reais efetivas bem abaixo", comentou Marcelo Telles, analista do Credit Suisse, em nota a clientes. A ação do BB encerrou o pregão desta quinta-feira em queda de 4,45 por cento, a 21,45 reais. No mesmo instante, o Ibovespa recuou 1,7 por cento. VOTORANTIM O Banco Votorantim, no qual detém 49,99 fatia de por cento, participou no resultado do BB com um prejuízo de 497 milhões de reais no trimestre. A previsão do BB é de que o banco médio, especializado em empréstimos para compra de automóveis, passe a dar lucro em dois trimestres. Segundo executivos da instituição, o banco tende a manter o ritmo de crescimento da carteira de crédito em 2013, ano em que a previsão de crescimento da economia brasileira de 4 por cento deve ser amortecida em parte pelo aumento da concorrência. Monteiro afirmou ainda que o BB pretende voltar ao mercado de capitais internacionais para captar recursos, e mira emitir bônus denominados em ienes, em euros, no dólar de Cingapura e, eventualmente, em pesos chilenos.

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