PUBLICIDADE

BC dos Emirados garante bancos

Instituição tenta acalmar mercado com garantia de liquidez a bancos nacionais e estrangeiros que atuam no país

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O Banco Central dos Emirados Árabes Unidos anunciou ontem que "respaldará" os bancos locais e estrangeiros que operam localmente. Vai oferecer acesso a capitais, em um sinal de que o país do Oriente Médio se apressa para acalmar os investidores preocupados com a dívida de Dubai, depois que a empresa Dubai World se declarou em moratória. A instituição emitiu aviso aos bancos nacionais e estrangeiros com subsidiárias nos Emirados Árabes afirmando que colocará à disposição "uma unidade especial de liquidez adicional relacionada com suas contas correntes no Banco Central", relatou ontem a agência de notícias oficial dos Emirados Árabes Unidos, WAM. Analistas afirmaram que a ação é preventiva, para evitar a fuga de capitais e a corrida a saques quando os mercados reabrirem, hoje. John Sfakianakis, economista-chefe do Banque Saudi Fransi-Credit Agricole Group, disse que o movimento do BC "é importante porque a principal preocupação é que possa haver pânico por parte dos correntistas e dos banqueiros que queiram tirar depósitos do sistema bancário"."O instrumento do BC vai cobrir as preocupações imediatas relacionadas a depósitos nos bancos dos Emirados Árabes Unidos", afirmou Ghanem Nuseibeh, analista da consultoria Political Capital. "Não significa que o empréstimo necessariamente vai diminuir. Ainda não sabemos a exposição dos bancos dos Emirados Árabes Unidos aos problemas de Dubai."O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, também afirmou no sábado que, em razão do dia de Ação de Graças nos EUA, o mercado financeiro não funcionou em tempo integral na sexta-feira, e seria preciso aguardar como as bolsas americanas vão se comportar hoje. "Vamos aguardar como vai reagir o mercado norte-americano. Mas, independentemente disso, a situação serve como alerta de que temos problemas à frente e devemos evitar excesso de exuberância", disse Meirelles.A Dubai World, cujas ações abarcam propriedades que vão de portos a bens imobiliários, surpreendeu o mundo no dia 25 ao anunciar que pedirá o adiamento do pagamento de dívidas pelo menos até maio, assim como as dívidas pendentes de sua subsidiária de bens imobiliários Nakheel PJSC. Essa subsidiária deveria pagar até US$ 3,5 bilhões em dezembro.O anúncio de ontem foi o indício mais claro de que o conglomerado, que foi o principal motor do crescimento de Dubai na década, tem um fluxo de dívidas incontrolável. A declaração do BC surge dias depois de os mercados mundiais reagirem com temor às notícias de que a Dubai World pediria o adiamento de seis meses no pagamento de parte dos US$ 60 bilhões de suas dívidas.As obrigações da empresa com credores atingem pelo menos R$ 80 bilhões. Contudo, a Dubai World "negou completamente a ideia de se livrar de alguns de seus investimentos lucrativos e bens imobiliários produtivos a um preço menor do que seu valor", disse um funcionário da empresa que pediu anonimato. As declarações não deixam claro de que maneira os diretores do conglomerado, que têm ligação com a família real de Dubai, pretendem solucionar a crise que pode destruir o prestígio de Dubai.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.