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BC faz leilão de swap reverso e segura dólar acima de R$2

Por DANIELLE FONSECA
Atualização:

O leilão de swap cambial reverso realizado pelo Banco Central nesta terça-feira, o primeiro depois de quase cinco meses, reforçou que a autoridade monetária não quer o dólar abaixo de 2 reais e fez a moeda norte-americana a encerrar o dia com leve alta. Na avaliação de operadores, a operação --que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro-- serviu para reforçar a existência de uma banda informal imposta pelo governo ao câmbio, entre 2 e 2,10 reais. Eles também não descartam novas atuações do BC caso a divisa norte-americana venha a recuar novamente. O dólar fechou com variação positiva de 0,08 por cento, a 2,0176 reais na venda. Durante a sessão, a moeda atingiu a mínima de 2,0065 reais, com queda de 0,47 por cento, e bateu a máxima de 2,0235 reais, com variação positiva de 0,37 por cento. "O dólar estava caindo devagar, de escadinha, e esse é um movimento perigoso. O BC viu que a moeda podia cair mais hoje e fez o leilão... O objetivo foi cumprido hoje", disse o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil, Ovídio Soares. Antes de anunciar o leilão de swap cambial reverso, pouco depois das 11h20, o BC realizou uma pesquisa com os "dealers" do mercado de câmbio para conferir se havia demanda. Somente esse movimento foi suficiente para fazer o dólar reverter as perdas iniciais e passar a registrar alta ante o real. No final, o BC vendeu apenas 7 mil papeis da oferta total de 50 mil contratos e movimentando 350,2 milhões de reais, deixando claro que havia pouca demanda. A última vez houve uma operação de swap reverso foi em 26 de março, quando o dólar estava cotado próximo de 1,80 real. O mercado de câmbio vem registrando oscilações modestas e volume fraco desde o início do mês, mas estavam prevalecendo sessões de leve queda, com a moeda voltando a se aproximar de 2 reais. Em agosto, o dólar já se desvalorizou 1,53 por cento ante o real. Quando a moeda chegou a ser negociada abaixo de 2 reais, no começo de julho, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que tal nível poderia ser prejudicial para a indústria brasileira e que a autoridade monetária poderia intervir comprando dólares se necessário. Com isso, os operadores entenderam que uma espécie de banda informal para o câmbio havia sido formada. Nesta terça-feira, no entanto, o mercado local passou a acompanhar o cenário externo mais de perto, onde o dólar registrava importantes perdas frente a outras moedas. Com isso, a expectativa é de que o BC possa agir novamente para evitar que o dólar deslize para abaixo de 2 reais. Para o economista-chefe da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, o BC pode voltar a atuar no mercado. No exterior, o movimento de perda de força do dólar ocorreu diante de maiores expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) possa agir em breve para conter a crise da zona do euro. Às 18h01 (horário de Brasília), a moeda norte-americana tinha queda de 0,70 por cento ante uma cesta de divisas. VENCIMENTOS Barbutti ainda lembrou que estão para vencer contratos de swap cambial tradicional --que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro-- realizados anteriormente pelo BC. Segundo a assessoria de impressa da autoridade monetária, vencem no dia 3 de setembro 91.400 contratos de swap tradicional, no valor de 4,6 bilhões de dólares. "Muito provavelmente esses contratos o BC já não deve renovar, fazer a rolagem... Há uma situação confortável para o BC ainda", afirmou o economista-chefe. Outros profissionais de mercado também veem o BC com força para segurar a moeda. "O Banco Central tem um monte de dinheiro, você não desafia um banco central de 350 bilhões de dólares, ainda mais um que é muito disposto a usar seu poder", disse o estrategista de câmbio da América Latina da 4CAST, Pedro Tuesta, em Washington, referindo-se ao volume das reservas internacionais brasileiras. O BC não atuava no mercado de câmbio desde 29 de junho, quando realizou leilão de swap cambial tradicional. Naquela época, a divisa ameaçava ultrapassar 2,10 reais. (Reportagem adicional de Rachel Uranga, na Cidade do México)

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