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BC mantém juro em 13,75%, de olho em efeitos da crise

Por ISABEL VERSIANI
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O Banco Central interrompeu nesta quarta-feira o ciclo de aumento do juro básico brasileiro, mantendo a Selic em 13,75 por cento ao ano. A decisão, considerada por analistas uma das mais difíceis dos últimos anos, foi unânime. Em breve comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) citou o aumento das incertezas, mas não mencionou claramente a piora da crise global de crédito. "Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, em ambiente de maior incerteza, o Copom decidiu neste momento manter a taxa Selic", informou o colegiado do BC. Pesquisa da Reuters na semana passada mostrou o mercado dividido sobre o rumo da Selic, mas com a maioria apostando na manutenção. Os analistas avaliavam que, se de um lado a economia enfrenta risco de desaceleração diante da crise financeira global, por outro o Banco Central também tem de estar atento às pressões inflacionárias decorrentes da escalada do dólar. Com o aumento da turbulência nos mercados financeiros, o dólar saiu da faixa de 1,50 real em que estava em meados do ano e chegou a ser cotado a 2,50 reais. PRÓXIMOS PASSOS Agora analistas se dividem sobre as perspectivas para a próxima reunião, em dezembro. Alguns consideram que o BC pode retomar o aperto monetário se a inflação exigir. "A decisão foi condicionada pelo momento adverso... O Copom quer ganhar tempo para dar indicação da política monetária para um prazo maior", afirmou José Luciano Costa, economista-chefe da Unibanco Asset Management. "A decisão de hoje não se justificará se, passado o momento mais instável, o ciclo de alta, para garantir que a inflação convirja para o centro da meta em 2009, não for retomado." Já Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, acha que o aperto acabou. "Mas em um primeiro momento ele (BC) não vai deixar de falar na inflação", acrescentou. O Copom elevou a Selic em quatro reuniões seguidas, a partir de abril. O setor produtivo defendia uma ação mais ousada, com corte da taxa básica, num momento em que muitos setores da economia enfrentam problemas de liquidez. "A manutenção da Selic em 13,75 por cento ao ano deve ser bem recebida pela sociedade brasileira, desde que seja vista como o início de um processo de queda continuada dos juros, fator essencial à retomada do crédito", afirmou em nota Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). (Com reportagem adicional de Aluísio Alves e Vanessa Stelzer; Texto de Daniela Machado)

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