BC propõe que bancos elevem piso de Basileia a 13% em 2017

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O Banco Central anunciou nesta sexta-feira uma audiência pública sobre a implementação do calendário de novas regras prudenciais, o que deve exigir que bancos do país façam a alocação de mais capital para se manterem sólidos em períodos de iliquidez. Seguindo as recomendações do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, com sede na Suíça, o BC propôs um calendário para adequação dos bancos nacionais às novas regras, conhecidas por Basileia III, que pode elevar o índice mínimo de alocação de capital, hoje em 11 por cento, para 13 por cento em 2017, num cronograma que começa em janeiro do ano que vem e vai até o começo de 2019. A audiência terá duração de 90 dias. "As recomendações (...) visam aperfeiçoar a capacidade das instituições financeiras de absorver perdas vindas de choques do próprio sistema financeiro ou dos demais setores da economia, auxiliando a manutenção da estabilidade financeira", diz trecho da nota da autoridade monetária. A minuta de norma propõe a exigência de três requerimentos independentes que devem ser observados pelos bancos do país: a composição do capital principal -composto principalmente por ações e lucros retidos-; capital de Nível I (capital principal e instrumentos capazes de absorver perdas); e patrimônio de referência, composto pelo capital de Nível I e por instrumentos capazes de absorver perdas em caso de liquidação. Para tentar suavizar movimentos bruscos de expansão ou retração do crédito, o BC propôs a criação de um Adicional de Capital Principal, um colchão amortecedor macroprudencial, também previsto em Basileia III, que poderá ser de 2,5 por cento a 5 por cento dos ativos ponderados pelo risco. O valor será definido pelo BC de acordo com as condições econômicas. A proposta do regulador é que em condições normais as instituições financeiras mantenham um excedente de capital em relação aos requerimentos mínimos. "A insuficiência no cumprimento do Adicional de Capital Principal implicará restrição à distribuição de bônus, participação nos lucros e incentivos remuneratórios associados ao desempenho dos gestores das instituições", segundo o BC. Para a autoridade monetária, embora as recomendações de Basileia III aumentem significativamente o requerimento de capital dos bancos, a regulamentação prudencial brasileira é mais conservadora do que o padrão internacional, deixando o país em posição mais confortável do que a média global. Além de exigências que podem determinar uma elevação no total de capital alocado pelos bancos, as regras propostas devem demandar também a melhora da qualidade dos ativos que poderão compor essa reserva. COLCHÃO MAIOR Pelas regras de Basileia II, em vigor, o nível mínimo de capital que deve ser alocado pelas instituições é de 8 por cento (sendo pelo menos 2 por cento de capital principal e 4 por cento de capital nível 1). No Brasil, o piso é 11 por cento (4,6 por cento de principal e 5,5 por cento de nível 1). Pelo calendário global, que o BC propõe seguir, a cesta que compõe o chamado Patrimônio de Referência subirá gradualmente ao intervalo de 10,5 a 13 por cento (7 a 9,5 por cento de capital principal e 8,5 a 11 por cento de capital nível 1). A reserva adicional, chamada de contracíclica, começa a ser observada no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2014, com 0,625 por cento, subindo para um colchão adicional de 2,5 por cento, no início de 2017. (Por Aluisio Alves)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.