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BC vê Brasil crescendo 1% em 2012 e com mais inflação--relatório

Por LUCIANA OTONI
Atualização:

O Banco Central reduziu a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano a 1 por cento, ante 1,6 por cento, ao mesmo tempo em que piorou sua perspectiva para inflação em 2012, mas melhorou ligeiramente a de 2013. Se confirmado, será o pior desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país desde 2009, auge da crise internacional, quando houve contração de 0,3 por cento. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação da autoridade monetária divulgado nesta quinta-feira, a redução nas contas deste ano veio da piora das previsões para quase todas as variáveis que compõem o PIB, com destaque para a queda do investimento, que passa a ser de 3,5 por cento, ante a indicação anterior de recuo de 1,3 por cento. O BC também piorou sua estimativa de contração para o setor industrial a 0,5 por cento, ante 0,1 por cento, neste ano. Já a estimativa de alta do setor serviços foi atualizada para 1,6 por cento, menor do que os 2,2 por cento esperados em setembro. Para este ano, houve melhora nas contas sobre o setor agropecuário, mas ainda com retração: agora, a autoridade monetária calcula em 1 por cento, ante 1,4 por cento, devido ao desempenho das culturas de café e milho no terceiro trimestre. A autoridade monetária também vê menor demanda interna, indicando que a alta no consumo das famílias será de 3 por cento, ante 3,3 por cento anteriormente, e que o consumo do governo será 3,2 por cento maior, frente à previsão anterior de 3,7 por cento. Para 2013, no entanto, o BC vê recuperação da economia, e calcula que, em quatro trimestres, o PIB crescerá 3,3 por cento no terceiro trimestre do próximo ano. "A economia brasileira segue em recuperação, conforme evidenciado pela evolução das taxas de crescimento trimestrais do PIB na margem. Esse processo tende a ser intensificado em 2013, em parte, em decorrência de impactos cumulativos das ações de política recentemente implementadas", informou o BC via o relatório. PREÇOS O BC piorou suas projeções sobre o IPCA neste ano, com alta de 5,7 por cento pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 5,2 por cento. Para o próximo ano, no entanto, ele melhorou um pouco as contas, para 4,8 por cento, frente a 4,9 por cento visto em setembro, já incorporando a previsão de queda nos preços das tarifas do setor elétrico. E, pela primeira vez, a autoridade monetária divulgou a projeção para a inflação em 2014 todo, de 4,9 por cento, também pelo cenário de referência --dólar a 2,05 reais e Selic constante a 7,25 por cento. Todas as projeções estão acima do centro da meta oficial, de 4,5 por cento pelo IPCA. "A evolução dos preços ao consumidor nos últimos meses refletiu a aceleração dos preços livres, influenciada pelos aumentos nos grupos alimentação, vestuário e transportes". Mais recentemente, os preços voltaram a ganhar força. Na quarta-feira, foi divulgado que o IPCA-15 --prévia da inflação oficial-- fechou 2012 com alta de 5,78 por cento, mas abaixo dos 6,56 por cento vistos no ano anterior. Para o próximo ano, avaliam os analistas, a inflação pode contar com mais uma fonte de pressão e que não está, pelo menos por enquanto, explicitada nas contas do BC: o aumento nos preços da gasolina. Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que "certamente" haverá aumento dos preços dos combustíveis em 2013. "Para evitar que esse reajuste influencie a inflação, o governo vai tentar compensar reduzindo o PIS/Cofins", acredita o economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho, acrescentando ainda que a tendência é que o "o governo use mais claramente o câmbio para controlar inflação". Para ele, o BC continuou indicador que a Selic ficará na atual mínima histórica em 2013, mas lembra que esse cenário pode mudar caso haja piora no ritmo do crescimento no próximo ano e a taxa básica de juros poderia ser reduzida a 7 por cento até o fim do próximo ano. Pelo relatório, o BC reforçou mais uma vez que a Selic ficará estável por um "período suficientemente prolongado" e que a inflação convergirá para o centro da meta em 2013, ainda que de forma não linear. O economista-chefe do J.Safra, Carlos Kawall, considerou que o relatório não trouxe surpresas para a trajetória prevista para inflação. "Isso corrobora a ideia de manutenção dos juros por período prolongado", disse. (Reportagem adicional de Silvio Cascione, em São Paulo)

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